A Unipar acaba de anunciar um trimestre histórico, com a alta do preço das commodities e ganhos de eficiência operacional jogando a favor da maior fabricante de cloro e soda da América Latina.
O EBITDA ultrapassou R$ 1 bilhão no terceiro trimestre, mais que o dobro do ano passado, e o lucro líquido atingiu R$ 788 milhões, uma alta de mais de 400%.
As três fábricas da Unipar estão operando em níveis de utilização acima da média histórica e “o aumento da eficiência das nossas fábricas ajudou a mitigar o aumento do custo das matérias primas,” o CEO Mauricio Russomanno disse ao Brazil Journal.
A receita líquida do trimestre foi de R$ 1,79 bilhão, um aumento de 52% ano contra ano e de 54% em relação ao trimestre anterior.
A fábrica de Santo André, de onde sai 55% da produção de PVC da empresa, teve uma utilização da capacidade de 94% — o melhor nível da história e significativamente maior que o do trimestre anterior, quando a unidade teve que ficar parada por um período.
Na Argentina, a planta de Bahia Blanca operou com 81% da capacidade, o maior nível em dois anos, e a de Cubatão rodou a 89% — ligeiramente abaixo do início do ano, mas porque a fábrica teve que fazer uma parada em junho para uma manutenção programada.
“Todo o trabalho que fizemos ao longo dos últimos dois anos está aparecendo agora,” disse o CEO. “Mês a mês estamos melhorando [a eficiência das fábricas] e quebrando recordes.”
O resultado do trimestre também foi impulsionado pelos preços do PVC e da soda — que enfrentam uma restrição de oferta no mercado global.
O furacão Ida tirou capacidade de produção dos EUA, e os problemas de logística internacional (como a falta de contêineres) têm dificultado as exportações — sem falar na disparada do gás e do petróleo, que têm afetado todos os mercados.
Com isso, o preço do PVC, que havia despencado no começo da pandemia, voltou aos níveis normais no terceiro trimestre do ano passado e desde então não parou mais de subir.
Já o preço da soda seguiu outra trajetória: aumentou no começo da pandemia, depois caiu e agora está em alta de novo. A perspectiva, segundo Maurício, é que os preços continuem com uma dinâmica positiva pelo menos no curto prazo.
A Unipar declarou R$ 300 milhões em dividendos, elevando o valor total distribuído este ano aos acionistas para R$ 850 milhões. No preço de tela, isso equivale a um dividend yield de 12%. Mas um investidor que comprou o papel há um ano teve um yield de 32%.
Os resultados de hoje vêm num momento em que a Unipar se prepara para um ciclo de investimentos que deve aumentar significativamente sua capacidade produtiva.
Com uma posição de caixa de R$ 1,4 bilhão e uma alavancagem de apenas 0,12x, a empresa quer tirar do papel diversos projetos de expansão orgânica e inorgânica, dentro e fora do Brasil.
Maurício diz que a empresa está “bem avançada” num projeto de expansão no Nordeste que inclui a construção (ou compra) de algumas fábricas de cloro e soda que vão atender o setor de saneamento.
“É um mercado que deve ter um boom nos próximos anos com o novo marco legal, e o Nordeste é uma das regiões do País mais deficitária em termos de universalização de esgoto e água,” disse o CEO.
Segundo ele, o mais provável é que a expansão seja feita com projetos greenfield, mas a Unipar não descarta M&As que possam acelerar o processo.
A fabricante também tem planos de expandir para outros países do continente americano bem como investir em iniciativas de verticalização que lhe permitam controlar melhor seus custos.
Recentemente, a Unipar investiu em dois projetos de geração de energia solar e eólica — que ficarão prontos no final do ano que vem — e ganhou uma licitação para explorar três minas de sal no Espírito Santo. (O sal é um dos principais insumos na fabricação do cloro).
A companhia vale R$ 7,8 bilhões na Bolsa.