A Toro Investimentos — plataforma que integra educação financeira com uma corretora online focada em bolsa e, em alguns casos, cobra corretagem apenas quando o investidor tem lucro — está em conversas com fundos de private equity para uma rodada de capital, uma fonte a par das conversas disse ao Brazil Journal.

A Toro quer levantar até US$ 100 milhões para acelerar seu investimento em marketing e tecnologia, depois de passar o último ano validando as métricas econômicas de seu modelo de negócios e aperfeiçoando a operação.

Depois de lançar sua versão beta em julho do ano passado, a startup de Belo Horizonte abriu cerca de 120 mil contas em um ano.   A meta é chegar a 2 milhões de contas até o fim de 2022, quando teria um faturamento anual de R$ 300 milhões.

Ao contrário de plataformas como XP e BTG Digital, a Toro não trabalha com agentes autônomos, oferecendo uma assessoria 100% online para o cliente do varejo.

Hoje, 90% da receita da Toro vem da corretagem em operações “ganha-ganha”, em que o investidor segue uma recomendação da casa e só paga corretagem se tiver lucro na operação.  Segundo um potencial investidor, o plano da Toro é criar novos produtos nesta premissa, seja num modelo de assinatura — uma espécie de ToroFlix — ou cobrando um percentual sobre o patrimônio investido.

O ciclo de alta da Bolsa que começou há cerca de dois anos beneficia o modelo de negócios da startup, que inclui educação financeira.  No último ano, o número de pessoas físicas investindo em ações no Brasil praticamente dobrou, chegando a mais de 1,2 milhão de CPFs.  Ainda assim, isto equivale a apenas 0,5% da população, contra uma média de 5% em países emergentes e 30% nos EUA.

Entre 2017 e 2018, a Toro recebeu um aporte ‘Series A’ de R$ 100 milhões, liderado por três fundadores da Localiza – Eugênio Mattar e os irmãos Flávio e Antônio Cláudio Brandão Resende — que ficaram com um terço da companhia.  Os recursos foram usados para montar a corretora do zero e validar o produto.  (Outros acionistas incluem a Araújo Fontes, boutique de M&A que assessorou a Toro na rodada a anterior, e Fernando Sette, do Azevedo Sette, que assessorou os investidores.)

A Robinhood, corretora americana que oferece “corretagem zero” e que a Toro usa como benchmark, recentemente começou a enfrentar concorrência. 

Na Europa, a Revolut passou a oferecer trades gratuitos, e a Titan — uma investida da Y Combinator — lançou um app que permite ao usuário comprar um portfólio de ações de primeira linha. Nos EUA, o JP Morgan passou a oferecer aos clientes 100 trades gratuitos — para diminuir o apelo da Robinhood.

Fundada em 2013, a Robinhood já tem 6 milhões de clientes, foi avaliada em US$ 7,6 bilhões numa rodada concluída semana passada.

 

ARQUIVO BJ

Toro quer popularizar a Bolsa – sem o agente autônomo