Cinco meses depois de assumir o comando do Starbucks, o CEO Laxman Narasimhan revelou pela primeira vez ao mercado sua visão estratégica para a rede de cafeterias.
Batizado de Triple-Shot Reinvention Strategy, o plano vai focar em três frentes: melhorar a experiência nas lojas; escalar as capacidades digitais do Starbucks; e expandir sua presença global.
O plano também busca aumentar a eficiência do negócio e investir mais em seus funcionários.
A visão estratégica, no entanto, não é tão diferente do que propunha o ex-CEO e fundador da rede, Howard Schultz. Narasimhan disse à Barron’s que sua visão se baseia “nas fundações” do plano de reinvenção que Schutz apresentou em setembro do ano passado.
“Tudo que fizemos aqui foi dizer: ‘Hey, há mais coisas para fazer em relação às lojas. Há coisas para fazer em relação à inovação que podemos contribuir’,” o CEO disse à revista.
O Starbucks anunciou também que pretende economizar mais de US$ 3 bilhões em despesas ao longo dos próximos três anos — e usar esses recursos para reinvestir na operação.
Na entrevista à Barron’s, o CEO disse que com os pedidos por mobile ou para delivery aumentando brutalmente, em algumas lojas todas as horas do dia viraram horas de rush — sobrecarregando os funcionários.
Narasimhan disse que o Triple-Shot vai buscar formas de agilizar o trabalho dos baristas em cada etapa do processo — da revisão dos procedimentos, como o registro do inventário, até a melhoria da operação do dia a dia, como a forma como os consumidores retiram seus pedidos.
Parte desse esforço passa por abrir lojas com um novo layout, com unidades focadas apenas no delivery e no drive thru. O Starbucks planeja aumentar significativamente o número de lojas só de delivery e drive thrus, que hoje respondem por menos de 1% do portfólio. A ideia é redirecionar 40% dos pedidos de delivery para essas lojas dedicadas.
A empresa disse que vai investir mais US$ 1 bilhão em iniciativas para os funcionários, incluindo a implementação de novas tecnologias nas lojas, aumento de salários e benefícios e horários mais flexíveis.
Em maio de 2022, o Starbucks já havia investido outros US$ 1 bi em iniciativas semelhantes depois de sofrer pressão por uma sindicalização crescente de seus funcionários. Desde 2020, o salário por hora dos funcionários da rede já aumentou em quase 50%, e o plano é dobrar o valor até 2025.
Narasimhan também reafirmou o compromisso da empresa com a expansão na China – que já é o segundo maior mercado do Starbucks, depois dos Estados Unidos – mas disse que a companhia tem planos de expandir ainda mais em outros mercados internacionais.
Segundo ele, três de cada quatro novas lojas serão abertas em mercados fora dos Estados Unidos, incluindo a Ásia e a América Latina. Até 2030, a empresa espera ter 35 mil lojas fora da América do Norte, em comparação com as 21 mil de hoje.
Segundo Narasimhan, a nova estratégia deve levar a um crescimento de longo prazo da receita de 10% ou mais, e a um crescimento do lucro por ação de 15% ou mais. O guidance também não é muito diferente do anterior. Em 2022, o Starbucks já havia dito que pretendia crescer sua receita entre 10% e 12% ao ano até 2025, e seu lucro por ação entre 15% e 20% no mesmo período.
Em relação ao same-store sales, o novo guidance é até menor. A companhia disse que o SSS deve crescer pelo menos 5%. No ano passado, o guidance era de um SSS entre 7% e 9%.
O plano de abertura de lojas também permanece praticamente inalterado. A companhia disse que espera operar 55 mil lojas em 2030, um crescimento de 45% em relação à sua base atual, de 38 mil. A maioria dessas novas aberturas vai ser fora da América do Norte.