Um ataque à maior refinaria da Arábia Saudita causou um incêndio gigantesco e deve paralisar metade da produção de petróleo do país, tirando do mercado 5 milhões de barris/dia — cerca de 5% da produção mundial — e aumentando a volatilidade do mercado num momento de incerteza na economia mundial.
 
Os relatos sobre o ataque são do The Wall Street Journal e do The New York Times.
 
O ataque — ocorrido há poucas horas — é o maior já patrocinado pelos rebeldes Houthi, baseados no Yêmen e apoiados pelo Irã, à infraestrutura de petróleo saudita — uma campanha que já dura quatro anos e já inviabilizou temporariamente a operação gasodutos, navios e instalações de refino.
 
Para além da consequência material do ataque, o evento deve aumentar o risco geopolítico nos próximos dias, acirrando a tensão entre os EUA e a Arábia Saudita de um lado e o Irã de outro.
 
Os rebeldes disseram que o ataque envolveu 10 drones.  Segundo o WSJ, há  grandes incêndios em Hijra Khurais, um dos maiores campos de petróleo da Arábia Saudita, e em Abqaiq, a maior instalação de estabilização de petróleo do mundo. Khurais produz 1,5 milhão de barris por dia, enquanto Abqaiq produz até 7 milhões de barris por dia.  
 
O ministro do interior saudita disse que os incêndios estão sob controle, e o board da Saudi Aramco fez uma reunião de emergência para avaliar os danos.
 
“Prometemos ao regime saudita que nossas futuras operações se expandirão e serão mais dolorosas enquanto a agressão e o cerco continuarem”, disse um porta-voz dos rebeldes.
 
Os houthis tomaram o controle da capital do Iêmen, San’a, em 2014, durante uma guerra civil. Desde então, uma coalizão liderada pela Arábia Saudita trava uma guerra para derrubar os houthis e restabelecer um governo apoiado pela Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e outras potências regionais.

As conquências do ataque ainda não são claras, mas fontes disseram ao WSJ que as autoridades sauditas estão discutindo usar seus estoques de petróleo para garantir que o suprimento mundial não seja interrompido — e para evitar que o preço saia de controle.
 
Para o Brasil, dois impactos são possíveis. Por um lado, o evento valoriza o pré-sal, uma mega reserva que se encontra fora de zonas de conflito (às vésperas do leilão da cessão onerosa, marcado para 6 de novembro e aguardando aprovação da Câmara e do TCU).  
 
Por outro lado, se o preço do barril subir muito em decorrência do evento, a Petrobras será forçada a repassar o aumento para manter sua rentabilidade — o que sempre gera tensão política.
 
Além disso, nos próximos meses, qualquer interferência indevida na política de preços da empresa pode afetar o valuation das refinarias que estão sendo colocadas à venda.