direct-expressA Tegma, empresa de logística especializada no transporte de automóveis das grandes montadoras para as concessionárias, acaba de tomar uma decisão difícil porém necessária.

Vendeu sua Direct Express, sua subsidiária especializada em entrega de pequenos pacotes, para a B2W, o maior cliente da Direct.

Há três anos, quando a Tegma comprou a Direct Express, a empresa conseguiu vender aos investidores sua visão de que o futuro da logística estava nos pequenos pacotes, que se beneficia diretamente do crescimento das compras online e do sucesso de empresas como B2W, Netshoes, Dafiti, etc.

Infelizmente, de lá pra cá, esta visão nunca se transformou em lucro, e o mercado começou a punir as ações da Tegma, atribuindo um valor negativo à Direct Express. (A Direct chegou a ter margens negativas de 19% quando resolveu acelerar seu crescimento, a partir do final de 2012. No primeiro tri deste ano, a margem foi de -4%.)

Chega a ser até um triunfo que a empresa tenha conseguido 127 milhões de reais pela Direct Express ao vendê-la para seu cliente mais relevante.

A Tegma adquiriu 80% da Direct por 77,2 milhões de reais em março de 2011. Em novembro de 2013, comprou os 20% restantes por 2,45 milhões de reais.

“A Tegma sempre foi uma empresa de ‘cegonheiros’ [as carretas que transportam vários automóveis] e nunca teve a cultura dos pequenos pacotes, nunca soube nem abordar esse negócio direito”, diz um gestor que acompanha a empresa. “Esse negócio da Direct Express tem um componente de tecnologia muito forte, e os caras não tinham alguém de tecnologia tocando isso”.

Curiosamente, a Direct, em sua origem, era uma prestadora de serviços exclusiva da B2W. A partir de 2008, começou a atender outros clientes.

Um acionista da Tegma diz que não se surpreendeu com a decisão de venda da Direct. “Se tem uma coisa que os caras da Tegma odeiam é perder dinheiro.”

Para a B2W, recém-recapitalizada pelas Lojas Americanas e pelo fundo Tiger, a compra marca uma verticalização do seu negócio, agora com o controle de fato da “última milha” (isto é, o transporte dos centro de distribuição para a casa do cliente). Empresas de e-commerce do mundo todo, principalmente a Amazon, estão tentando reduzir sua dependência das empresas de frete.

ADICIONANDO… (às 13:08hs) — A comparação de quanto a Tegma pagou pela Direct (cerca de 80 milhões de reais em valores da época) e o preço de venda (127 milhões de reais) é muito benevolente com a empresa.  A Direct tinha uma dívida de cerca de 180 milhões de reais (consolidada pela Tegma), mas foi vendida para a B2W sem dívidas. Ou seja, no frigir dos múltiplos, a Tegma perdeu mais de 100 milhões de reais com a Direct.  Ainda assim, a venda é boa para a empresa, como fica claro pela reação do mercado, onde as ações da Tegma sobem 11%.  A 20 reais, o preço de agora, a Tegma negocia a 16 vezes o lucro estimado para este ano e 11,4 vezes o lucro de 2015, nas contas do Itaú BBA.