A Suzano disse que desistiu de tentar comprar a International Paper – uma oferta que o mercado viu como agressiva e derrubou o valor de mercado da empresa dos Feffer.

“Entramos com um preço que a gente sabia que era o preço máximo, e se passasse disso a gente ia desistir,” um membro do senior management da companhia disse ao Brazil Journal.

“A gente só faz amistoso. Só faríamos no amor, não entraríamos hostil. Não é o estilo da Suzano,” disse esta fonte.

No início de maio, começaram a circular notícias de que a Suzano havia feito uma abordagem à International Paper, oferecendo pagar US$ 15 bilhões pela líder na fabricação de papel no mundo. 

A companhia surpreendeu o mercado pela agressividade da oferta, que era quase o mesmo valor de mercado da própria Suzano.  

De lá para cá, com pouca ou nenhuma visibilidade sobre a racional da aquisição, o mercado amassou a ação da companhia, temendo que a Suzano pagasse caro pelo ativo. O papel caiu do patamar de R$ 60 para um low de R$ 46,60, antes de se recuperar para a faixa de R$ 50.  

Numa série de vazamentos sobre a operação, o mercado ficou sabendo que a Suzano levantou o financiamento de US$ 15 bilhões com bancos internacionais.

No comunicado agora à noite, a Suzano disse que “após algumas tratativas com a International Paper a respeito de uma potencial transação entre as empresas, a companhia alcançou o que entende ser o preço máximo para que a transação gerasse valor para a Suzano, sem que houvesse engajamento da outra parte. Portanto, em observância ao seu compromisso com a disciplina de capital, a Suzano formaliza que não seguirá na busca de uma transação.”

A notícia da desistência deve levantar o overhang que tem segurado a ação num momento de preços recordes da celulose no mercado internacional. 

Em Nova York, o ADR da Suzano sobe 13% no after market agora à noite, depois da publicação do fato relevante. 

A Suzano fechou o dia valendo R$ 66 bilhões. A ação negocia a 5x EV/EBITDA, tanto para 2024 quanto para 2025. O múltiplo histórico, que o mercado considera como justo, gira na casa de 7x-7,5x. 

“Principalmente neste nível de câmbio, acho a ação extremamente barata,” disse Daniel Sasson, que cobre a empresa no Itaú BBA e ontem havia publicado um relatório falando de uma assimetria de risco positiva e recomendando o papel.

A ação da International Paper cai 13% no after market em Nova York.