A State Grid pagou um enterprise value de R$ 7 bilhões por uma linha de transmissão da Brookfield que é a maior concessão individual do segmento do Brasil, com mais de 1,2 mil quilômetros de extensão.
A transação é mais uma prova do apetite crescente dos chineses por ativos brasileiros e vem num momento em que o setor de transmissão está aquecido, com diversas transações relevantes.
Do EV total, cerca de um terço é equity e o restante é assunção de dívidas da operação, uma fonte envolvida na operação disse ao Brazil Journal.
A linha, que se chama Mantiqueira e fica em Minas Gerais, pertencia à Quantum Participações, uma empresa focada no segmento que é controlada pela Brookfield. Além da Mantiqueira, a Quantum é dona de outras duas concessões: a Pampa e a Sertaneja.
Segundo a fonte, a Brookfield decidiu vender o ativo por conta “do ciclo natural de private equity”. As outras duas linhas também devem ser oferecidas ao mercado em algum momento, mas nenhum processo nesse sentido foi iniciado.
A transação de hoje saiu a uma TIR de cerca de 8,5%, um desconto em relação a alguns dos principais players listados do setor. A Taesa, por exemplo, negocia a uma TIR de cerca de 4,5%, enquanto a ISA Cteep negocia a 7% – depois de um rali no setor este ano. A empresa mais descontada do segmento hoje é a Alupar, que negocia a uma TIR de cerca de 10%.
A Mantiqueira tem uma receita regulatória (RAB) de R$ 770 milhões e, como é comum no setor, sua margem EBITDA é altíssima, ao redor de 90%.
A concessão engloba 11 linhas de transmissão que somam mais de 1,2 mil quilômetros, além de uma subestação. O vencimento da concessão é em 2046.
Para a State Grid Brasil, a transação de hoje é relevante porque aumenta sua escala de forma significativa.
A companhia chinesa entrou no Brasil em 2010 e hoje é dona de um portfólio com 24 concessões de transmissão, sendo 19 próprias e cinco por meio de joint ventures. Essas linhas estão em 13 estados diferentes.
A venda da Mantiqueira vem em meio a um aquecimento dos M&As no segmento de transmissão. Em outubro, a EDP vendeu uma linha de transmissão em Santa Catarina para a Actis por R$ 510 milhões, depois de já ter vendido outras linhas para a gestora há um ano por R$ 2,3 bilhões.
Já a Equatorial vendeu todos os seus ativos de transmissão para a CDPQ em abril deste ano, levantando R$ 10 bilhões.
O crescente interesse pelo segmento é fácil de entender. “É um negócio super estável, com um ambiente regulatório muito sólido e com oportunidades grandes de crescimento, com novos leilões surgindo com frequência,” disse uma fonte que acompanha o setor.
Itaú BBA e o Bradesco BBI assessoraram a Brookfield.
Santander Brasil assessorou a State Grid.











