
O assunto foi discutido recentemente durante a reunião trimestral de analistas com o RI do banco, e voltou a ser abordado hoje durante a APIMEC do banco em São Paulo.
O índice de Basileia serve para para garantir uma capitalização mínima, que permita ao sistema bancário cobrir eventuais prejuízos e evitar crises sistêmicas.
Há, essencialmente, três formas do Itaú usar seu capital em excesso: ganhar ‘market share’ (via crescimento da carteira de crédito), fazer aquisições, ou devolver capital para seus acionistas via pagamento de dividendos ou recompra de ações.
Ganhar ‘market share’ é um caminho possível, mas, no caso do Itaú, não seria suficiente para consumir todo o capital em excesso dado o baixíssimo crescimento do PIB esperado para os próximos três anos e a falta de demanda por crédito no cenário atual.
A recompra de ações parece um caminho improvável. A ação do Itaú negocia hoje a 2x seu valor patrimonial, e tradicionalmente, os bancos só fazem recompras agressivas quando sua ação está perto do valor patrimonial. “Uma recompra só faria sentido se o banco estivesse muito barato,” diz um gestor. “Eles fizeram isso muito bem nos últimos anos.”
Hoje à tarde, Roberto Setúbal disse acreditar que o ‘nível ideal’ de capitalização do banco é em torno de 12,5%, e sugeriu que o banco pensa em aumentar o pagamento de dividendos. Este caminho, no entanto, indicaria que o grupo não arrumou nada melhor para fazer com o caixa.
O banco poderia alocar capital em aquisições, mas não se trata de algo trivial. No Brasil, o sistema bancário está hoje nas mãos de três players privados e dois estatais, e, depois da venda do HSBC para o Bradesco, não há bancos médios capazes de ‘mover a agulha’ para nenhum dos bancos privados.
Além disso, aquisições sempre trazem um risco: quando mal feitas, consomem capital e não trazem a rentabilidade esperada para recompor o capital.
E é aí que entra a CorpBanca, um ativo relativamente de baixo risco, no qual o Itaú já é dono de 35,7% do capital e poderia aumentar sua participação.