Não é só no Brasil que a Shein está criando inimigos. A gigante chinesa do ecommerce também está enfrentando resistência crescente nos Estados Unidos. 

Um grupo de 24 congressistas americanos — com representantes de ambos os partidos — enviou ontem uma carta à SEC pedindo que a agência reguladora exija da Shein provas de que ela não usa trabalho escravo em suas fábricas parceiras. 

Caso contrário, os congressistas pedem que a SEC proíba o IPO da companhia. 

A Shein está sendo avaliada em US$ 64 bilhões em uma rodada privada que deveria ser concluída em abril — um valor 33% menor que o da rodada de um ano antes. A companhia nunca falou publicamente sobre um IPO, mas diversos veículos já noticiaram que a empresa planeja abrir seu capital nos EUA, no segundo semestre deste ano. 

“Acreditamos firmemente que a capacidade de emitir e negociar ações em nossas Bolsas é um privilégio, e que as empresas estrangeiras que desejam fazê-lo devem manter um compromisso comprovado com os direitos humanos em todo o mundo,” escreveram os parlamentares.

Na carta, os congressistas dizem que há “alegações confiáveis” de que a Shein usa trabalho escravo ou mal remunerado na Região Autônoma Uigur de Xinjiang — onde vivem os Uigures, um grupo marginalizado da China.

Segundo eles, a empresa também tem sido acusada de falsificar relatórios sobre trabalho escravo em suas fábricas parceiras, especialmente as localizadas nesta região.

A Shein disse à CNBC que acompanha toda a sua cadeia de suprimentos de forma séria e que está comprometida em respeitar os direitos humanos e em aderir às leis e regulações de cada mercado em que opera. 

“Nossos fornecedores devem aderir a um rígido código de conduta alinhado às principais convenções da Organização Internacional do Trabalho. Temos tolerância zero para o trabalho escravo,” disse a companhia. 

Se comprovadas, as práticas da Shein iriam contra o Uyghur Forced Labor Prevention Act, uma lei americana aprovada em 2021 que já proíbe a importação de produtos fabricados na Região Autônoma Uigur de Xinjiang — justamente por ela ser associada ao trabalho escravo.

A carta dos legisladores vem algumas semanas depois da criação de um grupo anônimo batizado de ‘Shut Down Shein’. 

Não está claro quem está por trás desse grupo, mas, segundo o The Washington Post, ele é financiado por diversas marcas americanas de varejo e por organizações de direitos humanos.

O grupo também enviou uma carta à SEC pedindo basicamente a mesma coisa: que ela negue o registro de IPO da Shein até que ela comprove que não usa trabalho escravo.

Os investidores da Shein incluem o Mubadala, o fundo soberano dos Emirados Árabes; a General Atlantic; Sequoia Capital China; e Tiger Global Management.