Patricia Vianna fez uma carreira consistente em private banking – começando no antigo Multiplic e passando pelo Lloyds Bank, BBA, Consenso e BTG Pactual.
Agora, depois de mais de 30 anos de mercado, a executiva carioca está empreendendo.
Patricia acaba de abrir a Setta, um multifamily office que começa com R$ 2 bilhões sob gestão em sociedade com Miguel Pires Gonçalves, Roque Sut e Luiz Coelho.
Os quatro já trabalhavam juntos num family office carioca, a Mandatto, e se tornaram sócios após a cisão do negócio no ano passado.
A Setta quer se diferenciar com um serviço de “governança patrimonial”, que consiste em administrar todas as variáveis que possam impactar o patrimônio do cliente, complementando a gestão de seus ativos financeiros, Patricia disse ao Brazil Journal.
Na governança patrimonial, a Setta olha para aspectos como a família do cliente, suas questões tributárias e a estrutura societária de seus negócios. Para isso, a firma contratou duas advogadas que atuavam na E&Y para assessorar os clientes num diagnóstico preliminar de situações de vulnerabilidade.
Patricia disse que a Setta nunca terá uma carteira igual para dois clientes diferentes, já que cada cliente é tratado de forma customizada.
“Eu trabalho mais e ganho menos que as outras casas,” disse a banqueira. “Mas não queremos ser enormes e crescer a qualquer custo. Somos uma casa puro-sangue que tenta se diferenciar na qualidade de atendimento.”
Ela critica o que chama de ‘produtismo’ do mercado de gestão de fortunas.
“Nos últimos anos, a indústria caminhou muito para um modelo de venda de produto. O cliente deixou de ser o foco do negócio e o objetivo passou a ser monetizar a base,” disse a fundadora da Setta.
Segundo ela, isso não tem a ver só com o modelo de remuneração: fee fixo ou rebate.
“Algumas casas se propõem a cobrar fee fixo mas tem operado de forma ainda pior. Elas cobram um fee fixo mas ainda recebem taxas de distribuição na venda de FIIs, COEs ou spread de títulos privados, aumentando a remuneração final sem transparência para o cliente.”
Apesar das carteiras de seus clientes serem customizadas, a Setta tem uma visão direcional de mercado que guia suas alocações.
O CIO Roque Sut disse que a casa está otimista com o mercado de ‘investment-grade bonds’ de curto prazo, ‘inflation-linked bonds’ de curto prazo, e com alguns gestores específicos de mercados emergentes e fundos de renda fixa globais.
A expectativa de Roque é que o Treasury de 10 anos se estabilize em torno de 4,1% no médio prazo, com três quedas de 25 bps até o final do ano.
Em ações globais, a Setta está construtiva com mercados emergentes, especialmente o asiático, dada “a margem de segurança atrativa, com múltiplos baixos e projeções de uma forte recuperação dos lucros,” disse Roque.
“No caso de ações nos EUA, estamos mais céticos por conta do exagero de setores específicos como large techs e biotech.”
No Brasil, Roque disse gostar de ativos de crédito privado pós-fixado de alta qualidade e ativos de renda fixa soberanos protegidos da inflação de longo prazo.