Começou o ajuste do mercado de minério de ferro em meio à superoferta da commodity.

A Cairn Hill, uma pequena mina no sul da Austrália, foi declarada insolvente e parou na quarta-feira.

A Cairn Hill — cuja produção anual de 1,7 milhão de toneladas é ínfima se comparada aos 300 milhões de toneladas da Vale — começou a produzir em dezembro de 2010, quando o minério chegou a negociar a 170 dólares por tonelada. Hoje, negocia a 90 dólares.

Ao contrário da Vale, a Cairn Hill é uma mineradora de alto custo. Com o preço médio praticado no ano passado, a australiana até que tinha uma margem de lucro saudável. Este ano, entrou no vermelho.

O jornal The Australian estima que, se o minério de ferro continuar no nível de 90 dólares por tonelada ao longo deste ano, os produtores da Austrália perderão quase 33 bilhões de dólares em receita. E os pequenos produtores, como a Cairn Hill, devem começar a quebrar em série.

Por causa de sua escala e custo baixo, empresas como Vale, Rio Tinto e BHP Billiton (as três maiores) conseguem resistir melhor à queda de preço, mas, se a queda perdurar,

vai diminuir a capacidade destas empresas de pagar dividendos

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Para piorar as coisas, o Financial Times de hoje revela que o governo chinês ordenou aos bancos estatais que sejam mais seletivos ao conceder crédito aos negociantes de minério, em parte para controlar a inadimplência no setor. Muitos bancos já estão cortando a fiança desses clientes, que provavelmente terão que desovar seus estoques para pagar dividas. Ou seja, vão vender mais minério num mercado já deprimido.

O jornal cita uma analista em Hong Kong dizendo que a próxima parada na queda do minério será o preço de 80 dólares/tonelada.