Quando o edifício 432 da Park Avenue ficou pronto, ele logo se tornou sinônimo de luxo e sofisticação — arrancando exclamações de ‘uau’ por todos que passavam na frente e um sorriso discreto de orgulho por parte dos moradores.
Mas seis anos depois daquela inauguração festiva, os sorrisos deram lugar ao desespero — e o que era considerado um paraíso dos bilionários virou um pesadelo.
O edifício de mais de 400 metros de altura — na esquina da 57 com a Park e vista para o Central Park — acumula problemas estruturais que vão desde vazamentos recorrentes até o mau funcionamento do elevador e paredes que não param de ranger.
O diagnóstico foi feito pelo The New York Times, que conversou com proprietários, engenheiros e teve acesso a documentos de reuniões do prédio.
Em novembro de 2018, o jornal diz que o prédio sofreu grandes vazamentos consecutivos, com um deles levando água para os poços dos elevadores, interditando-os por semanas.
Os elevadores, aliás, são uma dor de cabeça constante: sofrem problemas recorrentes e, num incidente específico, um morador ficou mais de uma hora e meia preso depois que “ventos fortes” prejudicaram o funcionamento.
Segundo a ata de uma reunião de condomínio obtida pelo NYT, ruídos “estranhos” e “rangidos” ressoam nos apartamentos quase diariamente. E, em algum lugar do prédio, há uma calha de lixo “que parece uma bomba” quando o lixo é jogado nele.
A revolta dos proprietários é compreensível: o sujeito paga US$ 17 milhões por um imóvel — dinheiro que, no mínimo, deveria comprar sossego. Em vez disso, herda uma série de inconveniências que a maioria das pessoas classificaria como ‘rich people problem’.
Todos os problemas parecem ter uma causa em comum: a altura do edifício. Segundo o NYT, outros prédios de Nova York com alturas fora do padrão apresentaram problemas semelhantes nos últimos anos.
Apesar dos contratempos, o 432 está praticamente todo vendido e tem um valor geral de vendas estimado em mais de US$ 3 bilhões.
A cobertura, no 96° andar, foi vendida em 2016 por perto de US$ 88 milhões para uma empresa que representava Fawaz Alhokair, um magnata saudita do varejo.
Em 2018, a atriz Jennifer Lopez e seu marido Alex Rodriguez pagaram US$ 15,3 milhões num apartamento de 1,2 mil metros — mas pularam fora rápido: venderam um ano depois.
O arrependimento dos moradores é generalizado.
Sarina Abramovich, uma das primeiras moradoras do prédio, disse ao NYT que se arrependeu da compra no dia 1, quando chegou no imóvel e descobriu que ele ainda estava em obras, diferente do prometido.
“Me colocaram em um elevador de carga cercado por placas de aço e compensado, junto com uma operadora usando um capacete”, disse ela, relatando o que talvez seja o ‘RPP’ mais superlativo de todos. “Foi assim que subi pela primeira vez no meu apartamento.”
Sarina e seu marido, dois empresários aposentados do setor de petróleo, pagaram US$ 17 milhões por uma unidade de mil metros num andar alto.
“Eles ainda estão cobrando como se esse prédio fosse um presente de Deus para o mundo — e está longe disso,” Sarina desabafou ao Times.
De lá para cá, ela diz que os problemas só escalaram, citando as inundações e barulhos frequentes e uma tensão crescente entre os moradores.
“Todo mundo se odeia aqui,” ela disse.