Uma escola de boxe.
Um ‘show room’ de móveis de luxo.
Uma galeria de arte.
Flávio Moreira percebeu que esses lugares tão diversos têm sim um elemento em comum: são salas e espaços ociosos que podem gerar receita para seus proprietários.
Com esse insight, o arquiteto fundou a Réservé, um marketplace de espaços para trabalho e reuniões “onde você encontra lugares que nunca pensou que poderia achar, e que nunca achou que poderia alugar,” Flávio disse ao Brazil Journal.
A Réservé foi criada em 2019, levantou sua primeira rodada no ano seguinte, mas só foi lançada oficialmente há alguns meses em Belo Horizonte.
A plataforma já tem uma oferta de mais de 600 lugares na capital mineira, que vão de endereços inusitados como uma escola de boxe e uma galeria de arte até coworkings e espaços dentro de hotéis de redes como a Accor, Novotel e Ibis.
A primeira captação foi feita com dois empresários de BH: Gustavo Corrêa, o CEO e controlador da mineradora Vetorial; e Murilo Moura, da Mobius Capital, que teve passagens pelo Credit Suisse, Itaú e Santander. Os dois injetaram R$ 2 milhões na startup para bancar o desenvolvimento da plataforma e o lançamento da solução.
Agora, a Réservé está conversando com fundos e players estratégicos para uma nova captação, dessa vez de R$ 20 milhões, para financiar sua expansão para São Paulo.
“Por enquanto, temos crescido sem nenhum investimento em marketing, só com o boca a boca e o esforço comercial que fazemos nas empresas,” disse Flávio. “Mas para ampliar a base e expandir para outras cidades vamos precisar de mais recursos.”
Com a rodada, a startup projeta chegar nos próximos 18 meses a uma base de 29 mil usuários e 1.900 ofertantes cadastrados, atingindo 1 milhão de reservas nesse período – o que daria uma receita de R$ 67 milhões.
A Réservé está apostando num modelo inédito no Brasil, mas que tem alguma interseção com o Station, o marketplace de coworkings e espaços para eventos criado pela WeWork e que hoje tem cerca de 300 espaços cadastrados.
Flávio diz, no entanto, que o Réservé é muito mais amplo porque não fica restrito apenas aos espaços tradicionais de trabalho.
“Quando você sai da ideia só de trabalho, você abre um leque muito maior de possibilidades,” disse ele. “A Vale, por exemplo, já alugou com a gente um espaço numa escola de cozinha gourmet para fazer uma dinâmica corporativa.”
Além dos espaços de trabalho e reuniões, a Réservé tem planos de expandir sua atuação para o segmento de esporte. A ideia é alugar quadras e academias que têm baixa utilização — por exemplo, quadras de escolas nos fins de semana e academias de hotéis em períodos de baixo fluxo.
A receita da Réservé vem de uma comissão em cima dos valores do aluguel. No plano básico, a startup fica com 17% do valor pago ao dono do espaço; no plano ouro, que permite ao locador colocar mais fotos e vídeos na plataforma e ter uma exposição maior do anúncio, o take rate sobe para 19%.
Flávio teve a ideia da Réservé quando trabalhava como designer de interiores. Numa visita ao show room de uma empresa de automação para casas, ele começou a pensar como aquele espaço “incrível” era pouco utilizado.
“Quando fui perguntar para eles quantas horas por mês o show room era usado, eles falaram que era apenas umas 3 horas, porque eles levavam os clientes, que ficavam só uns 15 minutos,” disse ele.
Para tirar a ideia do papel, ele chamou André Viana, um executivo de inovação e tecnologia e seu amigo de infância; e Renato Vilela, um professor da Fundação Dom Cabral e ex-consultor da Falconi com uma passagem pela Brookfield.
(Na foto acima, o estúdio Sonastério, em Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte, um dos espaços de aluguel da Réservé).