Na semana em que a Amazon deve começar a vender eletrônicos no Brasil, o Mercado Livre resolveu atualizar os investidores sobre seu progresso na categoria  a segunda mais representativa no site no país, atrás apenas de ‘autopartes’. 

No primeiro semestre, o volume de itens vendidos cresceu 51% frente ao mesmo período de 2016. Três dos segmentos mais vendidas são ligadas à categoria: informática, em segundo lugar; celulares, em terceiro; e ‘áudio e vídeo’, em quinto. 

Num comunicado à imprensa, o Mercado Livre disse que “identificou aumento na procura pelos chamados produtos premium, como smartphones, TVs e notebooks” no primeiro semestre  e detalhou o avanço em alguns itens: as  vendas de TVs subiram 64%; as de fones de ouvido, 87%; e as de GPS, 70%.

Apesar de não citar a Amazon no comunicado, o recado à concorrente parece claro. O Mercado Livre foi uma das companhias mais penalizadas pela notícia, publicada pelo Valor, de que a Amazon deve começar a vender eletrônicos no Brasil no próximo dia 18.

Desde sexta-feira, logo após a notícia sobre os planos da Amazon, os papéis acumulam queda de 15%, com volume forte. No mesmo período, as ações da B2W, dona da Americanas.com e do Submarino, recuaram 14,7%; a Via Varejo, que controla Casas Bahia e Ponto Frio, caiu 12%; e o Magazine Luiza, 10%.

Dentre todos os concorrentes, o Mercado Livre é o único marketplace puro e que opera sem lojas físicas, num modelo que, muito provavelmente, também deve ser adotado pela Amazon  ao menos num primeiro momento  no Brasil. 

Pouco mais de 50% da receita do Mercado Livre vêm do país.

Já se posicionando para um marketplace cada vez mais competitivo, o Mercado Livre começou a oferecer frete grátis para mercadorias acima de R$ 120 em maio – na contramão da concorrência que após queimar caixa adoidado, começou a privilegiar margem em detrimento de expansão. 

Na primeira metade deste ano, a companhia começou ainda a oferecer empréstimos para capital de giro e antecipação de recebíveis para os fornecedores, por meio do Mercado Crédito.

Do lado operacional, a aposta foi em ‘lojas oficiais’ – uma espécie de hotsite das marcas dentro da plataforma da companhia.  

Das 636 marcas que tem lojas próprias no Mercado Livre, 44 são do segmento de eletrônicos, com nomes que incluem gigantes do varejo, como FastShop, Ricardo Eletro, e fabricantes como Kitchen Aid (da Whirpool), Microsoft, Acer, Dell, Positivo e Vaio. 

Em entrevista ao Brazil Journal há pouco mais de um mês, o head do Mercado Livre no Brasil, Stelleo Tolda, disse que a estratégia é clara: a companhia está investindo mais para crescer no Brasil: “Como decisão estratégica, decidimos investir mais, e os resultados estão vindo de acordo com aquilo que a gente planejava, que era crescer mais rápido do que a gente vinha crescendo antes”.

E a companhia, garante ele, tem bala na agulha para enfrentar mais concorrência. Questionado sobre com lidaria com anos de rentabilidade baixa, caso da Amazon viesse com força para o país, ele rebateu: “O Mercado Livre está preparado para investir para o negócio crescer ainda por bons anos”.