A Qualicorp e a XP Gestão parecem ter chegado a um acordo sobre o ‘non-compete’ do fundador da empresa, José Seripieri Filho, o Júnior, que horrorizou o mercado e fez a ação mergulhar 30% na semana passada.
De acordo com um Fato Relevante publicado ontem à noite no site da CVM, os dois lados concordaram em quatro pontos envolvendo a Qualicorp e o próprio Júnior.
A XP Gestão é o segundo maior acionista da Qualicorp, com 9% da empresa. Na semana passada, a gestora notificou a companhia, seus conselheiros e seu fundador de que buscaria reparação na Justiça, depois que Júnior conseguiu do conselho um acordo de não-competição de R$ 150 milhões, pagos à vista e sem passar pelo crivo dos acionistas.
Pelo acordo anunciado agora, Júnior abriu mão de seu pacote de remuneração variável referente a este ano e concordou que o conselho desenhe um novo plano de remuneração, a ser votado pelos acionistas na assembleia de abril de 2019.
Este novo pacote será mais atrelado ao resultado da empresa. No pacote de remuneração anunciado semana passada junto com o non-compete, Júnior, que até agora recebia um salário abaixo dos padrões de mercado (R$ 1,8 milhão/ano), passaria a ganhar R$ 18 milhões/ano se batesse todas as metas.
A XP também conseguiu que Júnior tenha que reinvestir os R$ 150 milhões do non-compete nas ações da própria companhia até o final do ano.
Segundo o Fato Relavante: “por ter uma visão de longo prazo e posição de acionista alinhado com o empreendimento de medidas de criação de valor para a Companhia, [Junior] se comprometeu a adquirir, até o encerramento deste exercício social, ações da Companhia … em um valor mínimo equivalente à indenização recebida em razão da celebração do Contrato de Não Alienação e Não Competição.”
No fechamento de sexta-feira, a Qualicorp valia R$ 13. Se recomprasse a este preço, Júnior aumentaria sua participação na empresa em cerca de 4%.
Outro ponto de acordo: a XP Gestão vai nomear um conselheiro para a empresa. Rogério P. Calderón Peres — o ex-controller do Unibanco e membro do conselho da Alupar — vai substituir Claudio Bahbout — um ex-sócio da 3G Capital e atual conselheiro. Segundo o Fato Relavante, Bahbout disponibilizou seu cargo para viabilizar o acordo. Peres também vai liderar um Comitê de Governança a ser criado pela companhia.
Alem disso, “o Conselho de Administração deliberou que quaisquer novas operações com partes relacionadas envolvendo a Companhia e acionista(s) serão obrigatoriamente submetidas à aprovação em assembleia geral de acionistas e que irá propor a alteração, neste sentido, do estatuto social, na próxima assembleia geral ordinária e extraordinária da Companhia”, diz o Fato Relevante.
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