Investimentos focados em impacto social ou ambiental podem ter resultados palpáveis para a sociedade, mas quem consegue medir o retorno financeiro? 

A GK Ventures está tentando resolver esse problema, um dos grandes obstáculos da agenda ESG. 

Em parceria com o Insper Metrics — núcleo para medição de impacto socioambiental —, a empresa criou uma métrica chamada de “múltiplo de impacto.” 

“Para cada real que a gente coloca nessa empresa, você consegue saber quanto é criado de valor que volta para a sociedade, seja de impacto social ou ambiental,” Patricia Nader, a head de Impacto e Investimentos da GK, disse ao Brazil Journal. 

A GK Ventures foi fundada no início de 2020 por Eduardo Mufarej, ex-Tarpon e Somos Educação. 

A inspiração para desenvolver a métrica veio da metodologia Impact Multiple of Money, criada pelo The Rise Fund, plataforma global de impacto de US$ 5 bi da TPG, a gestora de private equity. 

O primeiro case metrificado pela nova metodologia foi a Zenklub, a plataforma que conecta psicólogos e pacientes. No início do ano, a startup levantou R$ 45 milhões com a SK Tarpon e a própria GK.

Como transtornos mentais podem afetar renda e expectativa de vida, a GK tentou calcular o impacto gerado pela Zenklub nos profissionais que atuam na plataforma e nos seus usuários.

Usando dados da própria startup e estudos de publicações de renome, como The Lancet, a ferramenta estimou quantas pessoas poderiam ser impactadas pela empresa num período de cinco anos (1 milhão), quantas dessas seguiriam um tratamento continuado (400 mil) e quantas poderiam efetivamente se recuperar da doença graças a isso (16%). 

Em seguida, calculou os cifrões envolvidos. Assumindo a renda média do Brasil, estimou-se que as pessoas curadas podem ter um aumento de renda da ordem de R$ 600 milhões. Para os profissionais, estimou-se um incremento de R$ 300 milhões. 

Somando os dois públicos, chegou-se a um impacto de R$ 900 milhões gerado pela Zenklub em cinco anos. 

A ferramenta também fez ajustes de risco, o que gerou um desconto, para R$ 800 milhões. Depois, calculou a perpetuidade desse impacto mesmo após os cinco anos de presença do fundo, chegando a mais R$ 400 milhões. 

A conclusão foi de que o impacto total gerado pela Zenklub ao longo do tempo seria de R$ 1,2 bilhão.

Para chegar ao múltiplo de impacto em si, multiplicaram esses R$ 1,2 bi pela participação de 7% da GK na Zenklub, depois dividiram pelo valor do investimento (R$ 10 milhões). O resultado: 8,4.

“Para cada real que o fundo colocou na Zenklub, estão sendo criados R$ 8,40 de impacto social”, explica Patricia. A “nota de corte” estipulada pela empresa foi de 2.

Segundo ela, o resultado ainda pode passar por ajustes. O Insper Metrics continua avaliando outras metodologias existentes e deve apresentar seus resultados dentro de um mês.