A Zenklub — uma startup que conecta psicólogos e pacientes por vídeo, áudio ou texto — acaba de levantar R$ 45 milhões para aprimorar seu produto B2B, que já atende empresas como Natura, Votorantim e Creditas.
A rodada foi liderada pela SK Tarpon, o novo nome da gestora fundada por Zeca Magalhães, e que agora é uma holding de gestoras com estratégias diferentes.
O investimento na Zenklub foi feito pela Kamaroopin, a gestora de Pedro Faria. A GK Ventures, o fundo de impacto de Eduardo Mufarej, também participou.
A rodada é a terceira da Zenklub desde que foi fundada em 2016 pelo médico Rui Brandão e pelo cientista de dados José Simões. Até agora, a startup havia levantado outros R$ 18 milhões com o fundo de venture capital português Indico Capital.
A Zenklub funciona como um marketplace. O paciente entra na plataforma, informa o tipo de problema que tem (carreira, relacionamento, autoestima, etc), e depois responde uma série de perguntas para encontrar o melhor psicólogo, terapeuta ou coach para atendê-lo.
Mas por que não organizar o app por linha terapêutica, como freudianos, junguianos ou cognitivos-comportamentais? “Você até pode procurar por especialidade, mas a grande maioria dos brasileiros não entende muito bem a especialidade de um psicólogo. Eles são muito mais movidos pelo que sentem, pelos problemas que estão enfrentando,” Rui disse ao Brazil Journal.
Mais de 800 profissionais já estão cadastrados na Zenklub.
As sessões podem ser contratadas de forma avulsa (a partir de R$ 60 cada) ou num pacote mensal, mas a aposta da Tarpon é que o grande crescimento da Zenklub virá do segmento B2B, que já responde por 40% da receita.
As empresas pagam um valor mensal por vida para permitir que seus colaboradores acessem a plataforma; já planos de saúde como a Notredame Intermédica pagam para incluí-la em sua rede credenciada. No ano passado, a startup passou de 12 para 212 clientes corporativos.
Evidentemente, parte do crescimento foi impulsionado pela pandemia, que destruiu casamentos forçando marido e mulher a conviver de verdade, enlouqueceu mães com filhos pequenos e aumentou os casos de ansiedade e depressão — ao mesmo tempo em que dificultou as sessões presenciais de terapia.
A Zenklub faturou R$ 6 milhões no ano passado — 5,5x mais que em 2019 — e está fazendo 50 mil consultas por mês. Para este ano, a meta é chegar a uma receita de mais de R$ 20 milhões.
Segundo Rui, um dos grandes atrativos da Zenklub para as empresas é sua solução de dados.
“Como temos as informações anonimizadas, conseguimos dar um feedback completo para a empresa, mapeando os principais problemas de saúde emocional dos funcionários, e os RH podem criar ações para tentar endereçar essas questões,” disse Rui.
Nos Estados Unidos, algumas companhias já promoveram a troca do divã pela tela do computador ou do celular.
A TalkSpace, fundada há oito anos, está prestes a abrir seu capital fundindo-se com um SPAC, que a avaliou em US$ 1,4 bilhão. A BetterHelp, que nasceu em 2013, foi adquirida dois anos depois pela Teladoc, que oferece telemedicina e já vale US$ 41 bilhões na NYSE.
No Brasil, “existem poucos players endereçando essa questão e a maioria deles ainda são pouco sofisticados em termos de uso de dados e tecnologia,” diz Bruno Tupinambá, sócio da Kamaroopin e responsável pelo investimento.
Além da Zenklub, as duas maiores no Brasil são a Psicologia Viva e a Vittude. A FalaFreud, que chegou a atender 2 mil pacientes por mês, fechou as portas em 2019.