A QI Tech — a fintech de banking as a service — acaba de levantar uma extensão de sua Série B, colocando mais US$ 50 milhões no caixa a um valuation superior a US$ 1 bilhão.
A captação foi feita com a General Atlantic, que já havia liderado a capitalização anterior, de US$ 200 milhões.
O CEO Pedro Mac Dowell disse ao Brazil Journal que na rodada anterior a QI Tech havia sido avaliada num valor próximo a US$ 1 bilhão — e que agora o valuation “ultrapassou bastante” este marco.
Ele não abre o valuation, mas diz que ficou mais próximo de US$ 1,5 bi.
A QI Tech decidiu levantar mais dinheiro agora — apenas seis meses depois da última rodada — porque já gastou uma parte relevante dos recursos que havia levantado na compra da Singulare, a administradora fiduciária com mais de R$ 100 bi sob custódia.
“Também queremos fazer outros M&As neste próximo ciclo e para isso vamos precisar de mais capital,” disse o CFO Marcelo Bentivoglio.
A QI Tech oferece a infraestrutura completa para empresas que queiram disponibilizar serviços financeiros a seus clientes. O Vivo Money, por exemplo, foi criado 100% em cima da tecnologia da startup, que permite oferecer soluções de banking (como PIX, conta corrente e cartões), empréstimos, estruturação e administração de FIDCs, e até soluções anti-fraude.
“Nosso diferencial é que temos tudo num lugar só,” disse o CEO, acrescentando que a QI Tech tem vários competidores em várias etapas da cadeia.
“Em banking as a service, competimos com a Dock. Em administração fiduciária, com a Oliveira Trust e a Vórtx. Em antifraude, com a Idwall e a Unico. Em conta escrow, com o FitBank e a Iugu,” disse ele. “Mas nenhuma dessas empresas está em todas as frentes como a gente.”
A QI Tech tem mais de 400 clientes, boa parte grandes empresas. Além da Vivo, ela atende a 99, que passou a oferecer empréstimos a seus usuários e seus motoristas, e o QuintoAndar, que está testando uma solução de antecipação de aluguel e de crédito usando os imóveis como garantia.
A fintech faturou R$ 220 milhões no ano passado com um EBITDA de cerca de R$ 150 milhões, uma margem de 68%.
Este ano, a meta é faturar R$ 700 milhões com um EBITDA de R$ 400 milhões (uma margem um pouco menor, de 57%).
Parte relevante deste crescimento virá da incorporação da Singulare, que faturou R$ 300 milhões ano passado e fez um EBITDA de R$ 80 milhões. “Mas também vamos entregar um crescimento orgânico forte das duas empresas e fazer novos M&As,” disse o CFO.
Mac Dowell disse que a estratégia de M&As é importante porque a QI Tech consegue fazer uma ‘arbitragem de múltiplos’.
“Estamos agregando produtos, clientes e receita no nosso negócio por um múltiplo muito menor que o nosso. E quando trazemos isso para dentro com nosso múltiplo, já criamos muito valor,” disse ele.
O CEO deu o exemplo da Singulare, que opera numa indústria que tipicamente negocia a múltiplos de 7x a 10x EV/EBITDA. Já a QI Tech opera num setor que negocia a múltiplos de 17x a 30x.
“A grande estratégia nessa frente é ‘tradar’ os múltiplos,” disse ele. “Mas é claro que temos que achar empresas que tenham resultados sólidos, um forte crescimento e que sejam bem geridas.”
Segundo ele, o objetivo é comprar tanto empresas de segmentos em que a QI Tech já atua – para fortalecer essas verticais – quanto companhias de outras frentes.
A fintech estuda, por exemplo, entrar em adquirência, câmbio e seguros, ampliando sua gama de ofertas.
“Para os nossos clientes conseguirem competir com a oferta de crédito dos bancos tradicionais, eles têm que ter uma cesta completa de produtos. Só isso vai permitir que eles usem a mesma estratégia dos bancões, que é ser mais agressivo em um produto e compensar com os outros.”