A QI Tech acaba de levantar uma rodada Série B de US$ 200 milhões que vai permitir à fintech de banking as a service acelerar seu crescimento via aquisições.

A captação foi liderada pela General Atlantic, que aportou cerca de US$ 175 milhões. O restante ficou com a Across Capital, uma gestora de VC de Miami que já havia investido US$ 12 milhões na empresa em outubro do ano passado e é acionista da Nelogica, Neon e Loft no Brasil.

A QI Tech foi fundada em 2018 e, segundo seu CEO e fundador, Pedro Mac Dowell, gera caixa desde o terceiro mês de vida.

A empresa fornece infraestrutura no formato white label para empresas dos mais diversos setores criarem seu próprio banco, e tem clientes como a Vivo e Syngenta.

Entre os serviços estão a abertura de contas digitais, validação de dados, pagamentos e a estruturação de operações de crédito. Recentemente, a empresa abriu uma DTVM para passar a estruturar e administrar FIDCs, e já tem R$ 400 milhões sob custódia.

No total, a empresa deve movimentar R$ 11 bilhões em operações de crédito em 2023.

Pedro Mac DowellO detalhe é que nem um centavo desse crédito vem do caixa da companhia – a QI Tech fornece toda a infraestrutura e deixa o risco do crédito para o cliente.

Funciona da seguinte maneira: uma operadora como a Vivo decide oferecer serviços financeiros para sua base de milhões de clientes como forma de fidelizá-los. Como a empresa tem em sua base de dados o histórico de pagamento de todos eles, por exemplo, pode oferecer um crédito para seus bons pagadores.

A partir daí, a Vivo fica com o lucro dos empréstimos que deram certo e arca com a inadimplência do restante. A QI Tech recebe apenas um aluguel da Vivo pela utilização do seu sistema.

“Queremos ser uma espécie de AWS (a empresa de cloud da Amazon) das fintechs,” Mac Dowell disse ao Brazil Journal.

O fato de não estar exposto ao crédito ajudou nessa captação, segundo Mac Dowell.

A empresa fez sua rodada Série A, liderada pelo GIC (o fundo soberano de Singapura) em novembro de 2021. Na época, levantou R$ 270 milhões.

Desde então, em conversas com investidores, os executivos da QI Tech viram os múltiplos oferecidos pelos fundos cair de 20-40x para algo entre 7-17x.

As propostas chegavam à mesa com condições draconianas, diz o executivo. Se a empresa não batesse todas as metas, por exemplo, os atuais acionistas seriam diluídos.

Como a QI Tech não estava queimando caixa e nem tinha problemas de inadimplência, conseguiu esperar.

“Alguns fundos queriam o melhor dos dois mundos: resultado de renda fixa se desse errado e retorno de renda variável se desse certo,” disse Mac Dowell. “Agora o mercado voltou à normalidade.”

A QI Tech não abre o valuation nem os múltiplos negociados, mas diz que essa rodada permitirá acelerar seus planos de M&A.

A ideia é fazer até três grandes cheques para aquisições transformacionais. Desde a fundação, a empresa comprou apenas a Zaig, que atua na prevenção de fraudes, e o Builders Bank, focada no desenvolvimento de aplicativos bancários.

Com esses M&As, o CFO Marcelo Bentivoglio acredita que a empresa chegará a um EBITDA próximo de US$ 120 milhões – abrindo caminho para um IPO na Nasdaq até 2026.

Outra oportunidade que a QI Tech está olhando é o investment as a service.

Segundo Bentivoglio, a empresa pretende criar uma plataforma para que escritórios de agentes autônomos possam se transformar em corretoras sem precisar fazer grandes investimentos – ou se associar a grandes bancos. A ideia é ter um projeto rodando até o final do ano que vem.

JP Morgan, Vinci Partners e o escritório Freitas e Leite Advogados assessoraram a QI Tech.