A ação da Porto sobe 5% depois de um resultado que superou as projeções do mercado em todas as linhas — e da seguradora ter publicado um guidance para o ano, também com números acima do consenso.
Outro fator que agradou o mercado: a Porto pediu o registro de companhia aberta na categoria ‘A’ para duas de suas verticais de negócios: a Porto Saúde e a Porto Serviços. A categoria ‘A’ permite a emissão de qualquer título ou valor mobiliário, incluindo ações.
A leitura de analistas é que isso dará mais independência às duas empresas, permitindo inclusive que elas façam um IPO no futuro — um caminho que a Porto já vinha sinalizando ao mercado há algum tempo.
No primeiro tri, a seguradora da família Garfinkel produziu um lucro líquido de R$ 658 milhões, com um ROE de 21%. O número veio 18% acima do consenso Bloomberg (R$ 558 milhões) e foi impulsionado por uma melhora em todas as linhas do P&L.
O Citi disse que a Porto continua a entregar expansão de rentabilidade “apesar do cenário mais desafiador para o crescimento em auto.”
“A habilidade para expandir em novas verticais e diversificar o negócio tem mantido o interesse dos investidores na tese,” escreveu o analista Gabriel Gusan.
A receita da Porto subiu 14,2%, na comparação anual para R$ 8,6 bilhões, enquanto as despesas operacionais se mantiveram sob controle, subindo apenas 5,2%. Já a sinistralidade total caiu de 59,3% no primeiro tri do ano passado para 55,2% agora.
A Porto reportou números melhores em todas as suas verticais – mas na visão do JP Morgan, o destaque positivo foi a Porto Saúde, que viu seus prêmios expandirem 52% na comparação anual e a sinistralidade cair 420 basis points para 72%, na comparação sequencial.
No negócio core da companhia – os seguros autos – os prêmios cresceram apenas 5% ano contra ano, enquanto a sinistralidade caiu 60 bps para 56,2%.
A Porto também reportou pela primeira vez os números separados de sua vertical de serviços. Ela contribuiu com R$ 45 milhões ao lucro líquido da holding, com um ROE de 21%.
A Porto também publicou um guidance para cada uma de suas verticais.
A empresa disse que espera que os prêmios do seguro auto cresçam este ano entre 5% e 10%, com um loss ratio de 50% a 54% e um G&A de 10,5% a 11,5 da receita.
Já os prêmios da operadora de saúde devem crescer de 40% a 50%, com um loss ratio de 77% a 82% e um G&A de 5,1% a 6,1%.
As receitas do Porto Bank, por sua vez, devem crescer de 13% a 19%, com um índice de eficiência de 31% a 35%, enquanto a receita da Porto Serviços deve ficar entre R$ 2,4 bilhões a R$ 2,7 bi, com um G&A de 8% a 9%.
Por fim, a Porto disse que espera que seu resultado financeiro seja de R$ 850 milhões a R$ 1 bilhão, com um imposto efetivo de 30% a 36%.
Com esses números, o BTG calculou que o guidance consolidado de lucro para este ano seria uma faixa entre R$ 2,4 bilhões e R$ 2,6 bilhões — um número 5% superior ao consenso.
Depois da alta de hoje, a Porto vale R$ 19,4 bilhões na Bolsa, ou 7,5x lucro deste ano.
Na call com os analistas, o CEO Paulo Kakinoff, que assumiu em janeiro, disse ainda ver espaço para um crescimento relevante na vertical de saúde e no negócio como um todo — já que a adoção média de produtos da Porto ainda é baixa, de apenas 1,6 produto por cliente.
O executivo também disse que o seguro auto continua sendo um foco da companhia, mas que o mercado deve esperar um crescimento relativo menor daqui para frente, já que os outros negócios da companhia têm um market share pequeno e portanto mais potencial de crescimento.
Na call, a Porto também falou sobre sua exposição à tragédia do Rio Grande do Sul. Segundo a companhia, apenas 0,5% a 1% da frota de carros segurados da Porto (de 30 mil a 60 mil veículos) está exposta às enchentes.