Duas semanas atrás, o Softbank deu um voto de confiança no Banco Inter.  Investiu US$ 200 milhões na oferta de ações do banco, ficando com 8% do capital.
 
De lá pra cá, a unit do banco foi de R$ 40 para R$ 60, dando ao Inter um valor de mercado de R$ 14 bilhões.
 
André Maciel, um dos managing partners do Softbank, explicou ao Brazil Journal os motivos por trás do investimento.

Entre tantos bancos digitais, por que vocês escolheram o Inter? 

Primeiro, tem um CEO [João Vitor Menin] que é um cara jovem, de 37 anos, que tomou esse negócio que era da família e transformou. O Inter chamava Banco Intermedium há alguns anos e tinha uma marca e um logo dos anos 1970. Ele transformou o branding, o app, o site, a estratégia de aquisição de clientes. Hoje você consegue abrir uma conta só com o documento, é um negócio super legal, uma experiência maravilhosa. 

Tem um punhado de bancos com a mesma proposta…

Todas as empresas de fintech do Brasil tem planos de chegar a 10, 15 milhões de clientes. E todas elas têm um plano razoavelmente parecido. O que fez diferença na nossa seleção? Alguém que já lançou uma série de produtos. Lançar produto bancário é difícil: precisa de aprovação, desenvolver área, pessoas… E no Inter, sentimos confiança nisso. 

Faz diferença pra gente a capacidade de lançar um negócio comercialmente viável e sentir a confiança de que eles conseguem executar bem um plano agressivo, partindo de uma base [de clientes] que faz sentido também. 

Quais são os riscos de bancos digitais, como categoria, hoje no Brasil?

Tem muito banco. Olha lá, em 1900 e pouco, quantas montadoras tinham. Não tenho o número exato, mas com certeza mais do que existem hoje. Um monte morreu pelo caminho. Com certeza vai haver uma consolidação em volta de alguns campeões. O market cap de fintechs que têm no Brasil [considerando as listadas e de capital fechado] é gigante. Tem um monte de bancos, fintechs, empresas de pagamentos…

E tem cliente para tudo isso? 

Acho que não, mas por outro lado o sistema financeiro brasileiro é um dos mais lucrativos do mundo. Que sistema tem 25% de ROE [retorno sobre o patrimônio] nos grandes mercados? Nos Estados Unidos, está em 14%, 15%. Se não me engano, a meta do JP Morgan é fazer 14% consistentemente ao longo dos ciclos.

Temos 30 milhões de clientes no Brasil que são os clientes premium, eles tem muito valor na cadeia. E tem 129 milhões na base dessa pirâmide. O lucro está concentrado nesses 30 milhões de cima, o cara que está na XP, e depois vem os debaixo. 

No Brasil também há 60 milhões de negativados – dos quais 7 ou 8 milhões estão negativos por dever R$ 500 ou menos. Com certeza tem um monte de mau pagador nesses 60 milhões, mas a grande maioria é aquela pessoa que se enrolou. Tem que melhorar isso. Se todo mundo conseguir ter algum tipo de impacto para melhorar a vida dessas pessoas, colocamos um monte de gente no mercado bancário. 

Tenho certeza que não vai ter espaço para todo mundo, mas alguns que acertarem a mão têm uma boa chance. Você acha justo o cara comprar CDB de um banco menor a 120% do CDI e te repassar a 110%? Não é justo. É justo um cara vender um produto de capitalização para uma velhinha que precisa do dinheiro para aposentadoria? 

No Inter, eles publicaram um manifesto dizendo que vão cobrar taxas justas dos clientes. Desde então, a companhia decolou. 

 
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