24 de abr, 2023
A quebra na safra de cana-de-açúcar na Índia e em países da Ásia e da Europa levaram o preço do açúcar a US$ 0,25 por libra-peso na semana passada, maior patamar em 11 anos. Mas, mesmo quando esse estresse de curto prazo passar, a tendência é de alta dos preços, diz Thiago Duarte, analista do BTG Pactual.
Para Duarte, está em curso uma mudança estrutural no setor de açúcar — “uma quebra de paradigma relativamente rara de acontecer no mercado de commodities”. Nos últimos 20 anos, diz ele, “Brasil e Índia foram os dois grandes ofertantes do mercado mundial de açúcar e chegamos em um ponto em que nem Brasil, nem Índia têm mais açúcar para trazer para o mercado”.
O Brasil, maior produtor mundial, dono de 20% da oferta global e responsável por 40% do comércio internacional, está perto de atingir sua capacidade máxima. E a Índia, em segundo no ranking, com 19,5% da produção e uma fatia de 14% das exportações, está transformando uma parte cada vez maior da sacarose de seus canaviais em etanol. O objetivo é reduzir sua pegada de carbono, misturando o biocombustível na gasolina e incentivando a produção de veículos flex.
Assim, o preço do açúcar vai depender do custo de outros produtores, como Tailândia, Austrália e Guatemala, que não é inferior a US$ 0,20 por libra-peso.