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Lucro de exportadoras brasileiras fica retido na Argentina

12 de abr, 2023

Os CFOs de algumas das maiores empresas do País trocam mensagens diariamente num grupo de WhatsApp de associados do Instituto de Executivos de Finanças de São Paulo (Ibef-SP). Nos últimos dias, um tema dominante foi a crescente dificuldade para repatriar os lucros das operações na Argentina.

Segundo Marcelo Bacci, diretor-executivo de Finanças, Relações com Investidores e Jurídico da Suzano e também presidente do Conselho Administrativo do Ibef-SP, as empresas brasileiras conseguem vender na Argentina a bons preços, por causa da escassez de produtos no mercado local. Mas parte do lucro acaba ficando retida, poque a remessa depende de autorização do governo. Com a queda nas reservas internacionais argentinas, o país vem controlando a saída de recursos. “Não conseguimos retornar com o resultado para a matriz para remunerar o investimento”, diz Bacci. “É um resultado bom que não se transforma em realidade.”

Para algumas companhias, a saída tem sido recorrer ao dólar blue, no mercado paralelo. É um expediente legal, mas a cotação é menor – o que reduz os lucros praticamente pela metade. Outra alternativa é manter o resultados na Argentina, mas, de acordo com Bacci, é difícil encontrar ativos que protejam os ativos contra a desvalorização cambial e a inflação.

Para ele, a proposta ventilada de fazer as transações nas moedas locais poderia ajustar, mas há dúvidas se ela funcionaria na prática. “Se a Argentina não tem recursos para comprar dólares, não terá também para comprar reais”, afirma.

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