31 de jan, 2024
A mudança climática deixou de ser um tema estritamente ambiental e, hoje, é tratada como um assunto de desenvolvimento econômico, inovação tecnológica e geopolítica. Graças à Amazônia e à agricultura, o Brasil tem um papel estratégico na chamada geopolítica do clima.
A análise foi feita pela ex-ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira, uma das principais autoridades mundiais nesse tema. É co-Chair do Painel Internacional de Recursos Naturais da ONU Meio Ambiente (IRP/UNEP), membro do Conselho Consultivo de Alto Nível da UN-DESA e membro do Conselho Administrativo do BNDES.
Para Izabella, o país tem muito a ganhar com a agenda do clima, uma vez que sua agricultura é “provedora de soluções” para países cuja produção agrícola é emissora líquida de gases de efeito estufa. Além disso, nossa matriz energética é majoritariamente limpa.
“O século 21 será o de convergência da era climática com a inovação e a chamada ‘bioage’, a economia que vem da natureza. O Brasil pode ser um exportador de energia renovável. Isso é agenda climática”, afirmou.
Izabella comandou a política ambiental do país de 2010 a maio de 2016, quando Dilma Rousseff foi afastada da Presidência da República em processo de impeachment. Nesse período, negociou com o Congresso a aprovação do Código Florestal, reduziu o desmatamento ao menor índice da história e liderou as negociações dos compromissos assumidos pelo Brasil, em relação à emissão de gases de efeito-estufa (NDC, na sigla em inglês), na COP 21 (21a. Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima), realizada em 2015, em Paris.
Os resultados foram palpáveis e a tornaram interlocutora, por exemplo, do agronegócio, setor vilanizado por boa parcela do movimento ambientalista. “É um erro atribuir à agricultura toda a responsabilidade do desmatamento no Brasil”, sustenta a ex-ministra. “Produtores de milho, soja e algodão cumprem todas as regras ambientais, mas são percebidos como vilões.”