27 de fev, 2024
O excesso da oferta de energia no País impactou diretamente os resultados da Engie Brasil Energia no ano passado.
A companhia divulgou que a redução de 10,4% no total da energia vendida foi o principal motivo para que a receita caísse 12,6% no último trimestre, para R$ 2,7 bilhões. O preço médio da energia subiu 2,8% no período.
Em 2023, a queda foi de 9,7% e a empresa teve uma receita de R$ 10,7 bilhões, em linha com as projeções do mercado.
O EBITDA ajustado da companhia também teve uma queda de 5,6% para R$ 1,64 bilhão. O número, no entanto, veio acima do consenso Refinitiv, que era de R$ 1,56 bilhão.
Diante de um cenário que não deve mudar tanto no curto prazo, parte do mercado ainda questiona se a venda da fatia de 15% da TAG, realizada em dezembro, fez sentido: tanto pelo preço que o negócio foi fechado (R$ 3,1 bilhões) quanto pelo pagamento de impostos (R$ 500 milhões) que precisará ser feito pela Engie.
Segundo o CEO Eduardo Sattamini, alguns analistas utilizam a métrica errada para criticar o negócio.
“O mercado pode ter tido uma visão de valor mais baixo porque pega uma métrica de EV/EBITDA que não está aderente à realidade da companhia,” disse Sattamini ao Brazil Journal. “Nós fizemos as contas e, pelo fluxo de caixa descontado, estamos certos que o preço foi adequado e a venda pertinente”.
Com a redução da alavancagem para 2,1x, queda de 0,2x (número que deve cair ainda mais no primeiro tri por causa da venda da TAG), Sattamini afirma que o foco da companhia vai ser na transmissão. Geração, segundo ele, vai ficar em segundo plano até a volta da demanda, mas M&As pontuais, como foi o caso da Atlas no ano passado, podem ocorrer.
“É o mercado que, no momento, tem o maior potencial. O Nordeste ainda não tem capacidade de escoamento e existe um contingenciamento das linhas de transmissão,” disse o executivo, que prevê a participação em dois leilões de transmissão nesse ano.
Com investimentos de R$ 14 bilhões esperados para os próximos três anos, a Engie também anunciou a redução no pagamento de dividendos para um payout de 55% – a empresa vinha distribuindo 100% nos últimos anos.
“Sempre tentamos distribuir o máximo, mas estamos em um momento agora de grandes investimentos e isso é uma pressão do nosso caixa. Temos a necessidade de dois anos de caixa para fazer frente aos nossos investimentos,” disse.