Depois de comprar briga com a Procter & Gamble por um assento no conselho, Nelson Peltz encontrou um novo alvo: a rede de pizzarias Papa John’s.
Segundo o The Wall Street Journal, o lendário gestor ativista da Trian Fund Management estuda fazer uma oferta pelo controle da empresa, que vale cerca de US$ 1,7 bilhão na Nasdaq.
Não está claro, contudo, se a aquisição seria feita por meio da Wendy’s, onde Peltz detém 13% das ações e o cargo de chairman, ou se a Trian compraria a rede de pizzarias separadamente.
As ações da Papa John’s estão em alta de mais de 8% no pregão de hoje.
Fundada em 1984, a rede – que nasceu de um pequeno forno de pizza instalado nos fundos de um bar – se transformou num gigante global. Hoje, é a terceira maior rede de pizzarias do mundo, com 5 mil restaurantes em 45 países, atrás apenas da Domino’s e da Pizza Hut.
Mas a companhia passa por uma crise épica.
As vendas vêm caindo há vários trimestres, com os consumidores migrando para concorrentes mais baratos, ao mesmo tempo em que a Domino’s ganha mercado com sua estratégia acertada de delivery focada no digital.
Um pesadelo de relações públicas por conta de declarações polêmicas do seu fundador, John Schnatter, formou a tempestade perfeita. Schnatter usou termos considerados racistas em duas teleconferências com investidores, o que rapidamente chegou à mídia e motivou boicotes às lojas. A situação gerou uma verdadeira guerra pública entre Schattner e a diretoria da Papa John’s, que tenta afastar a rede da imagem de seu criador.
Schnatter deixou o cargo de CEO da empresa em dezembro e renunciou à presidência do conselho em julho. Antes a cara da marca, seu rosto deixou de estampar as embalagens e o logo neste ano. As ações caíram quase 30% nos últimos doze meses, tornando a empresa um alvo fácil pra investidores com apetite por turnaround.
Peltz não é o único de olho na Papa John’s. Segundo o WSJ, diversas empresas e fundos de private equity têm mostrado interesse pelo ativo.
A Trian não costuma comprar o controle das empresas e é conhecida por uma abordagem mais gradual, com a construção da fatias relevantes em bolsa seguidas por uma tentativa de movimento coordenado junto com a direção.
Mas já seguiu a linha do takeover em 2008, quando orquestrou a fusão entre a Wendy’s e a Arby’s. Três anos depois, a Arby’s foi vendida para um investidor privado e desde então a Wendy’s vem focando no core business de hambúrgueres. A estratégia vem se pagando: as vendas orgânicas crescem há 21 trimestres consecutivos e a rede está em processo de modernizar seus restaurantes.
Analistas dizem que a Papa John’s pode ser um bom match para a Wendy’s, por conta de seu histórico de recuperação de marcas.
Essa não seria a primeira investida de Peltz no ramo de pizzas. Em 2011, a Trian se tornou a maior acionista da Domino’s e fez diversas sugestões estratégicas. A relação, no entanto, não durou muito tempo: no ano seguinte a Trian vendeu sua participação.
SAIBA MAIS:
Na Procter & Gamble, fraldas, shampoos… e ‘uma burocracia sufocante’.