Com sua ação negociando perto da máxima desde o IPO, a PetroRecôncavo lançou um follow-on que pode levantar até R$ 2 bi para financiar a compra do polo Bahia-Terra e criar espaço para mais M&As.  

A oferta-base – 100% primária – poderá movimentar R$ 1,2 bi, considerando o fechamento de R$ 27,42 na sexta-feira. Está previsto um hot issue que pode elevar a oferta em 80%. 

O pricing está marcado para 14 de junho.

Além de usar os recursos para a compra de Bahia-Terra, a companhia também vai reforçar o caixa e guardar recursos para novas aquisições.  

A PetroRecôncavo está voltando ao mercado pouco mais de um ano depois de sua oferta inicial, em maio de 2021 – e já em outro patamar. 

Desde o IPO, a PetroRecôncavo aumentou a sua produção de 12 mil barris de óleo equivalente/dia para quase 20 mil; desenvolveu muito seu negócio de gás, que hoje representa 36% da produção; e praticamente dobrou de headcount, de 500 para mais de mil colaboradores. 

A ação subiu 86% desde o IPO, e a empresa, que tem mais de 20 anos de história, vai usar o roadshow para mostrar esses números e reforçar a tese de que é a melhor operadora do setor. 

Bahia-Terra é considerada uma aquisição transformacional para a companhia porque, além de ter muitas sinergias com seus negócios atuais, deve aumentar a produção da empresa em quase 40%.

Para apresentar a oferta pelo polo, a PetroRecôncavo se associou à Eneva, que ficou com 40% do ativo, mantendo a PetroRecôncavo como operadora. Desde o início de maio, as empresas estão em negociações exclusivas com a Petrobras. 

Com o mercado de IPOs fechado para quase todo mundo, a PetroRecôncavo está aproveitando uma janela que existe para empresas de E&P por conta da alta do Brent. A ação da companhia baiana sobe 47% no ano; contra uma alta de 45% na 3R, 35% na PetroRio e 29% na Petrobras PN. 

A expectativa é que a oferta também ajude a melhorar a liquidez do papel. Hoje a PetroRecôncavo negocia em média R$ 35 milhões dia, enquanto a 3R movimenta R$ 150 milhões e a PetroRio, quase R$ 500 milhões. 

O follow-on pode dar entrada a investidores que queriam investir na empresa mas não conseguiam montar uma posição pela baixa liquidez. 

Se houver demanda, a oferta terá um hot issue de até R$ 965 milhões – R$ 740 milhões (75%) para o caixa da empresa e R$ 225 milhões para a PetroSantander Luxembourg Holding, hoje a maior acionista da PetroRecôncavo com 33,2% do capital (82,5 milhões de ações). Ela pode vender até 10% da posição (8,2 milhões de ações). 

A PetroSantander é especializada na operação de campos maduros onshore e na prestação de serviços para o setor de petróleo e gás no Brasil e no exterior, e tem atividades similares às da PetroRecôncavo nos Estados Unidos, Colômbia e Romênia. 

Outros acionistas relevantes da PetroRecôncavo são fundos do Opportunity, com 25,72%; a Perbras (Empresa Brasileira de Perfurações), com 5,04%; e Eduardo Cintra Santos, o sócio da Perbras que tem 5,93% da PetroRecôncavo. 

Em termos de múltiplos, a PetroRecôncavo negocia hoje a US$ 10 por barril 2P – um desconto em relação à PetroRio, que sai a cerca de US$ 12, e um prêmio em relação à 3R, ainda que haja bastante variação no mercado nas projeções para esta última. 

Olhando para o EV/EBITDA para 2023, a PetroRecôncavo negocia em linha com a 3R, abaixo de 4x; e as duas têm um desconto em relação à PetroRio, que negocia perto de 5X. 

Os negócios das três não são exatamente comparáveis, já que a PetroRecôncavo atua no onshore e a PetroRio e 3R, no onshore e offshore. 

Os coordenadores são Itaú BBA (líder), Morgan Stanley, Goldman Sachs, UBS BB, Safra e XP.