Apesar do recente rali da Petrobras, que subiu 34% desde o início do ano, o Santander e a Goldman Sachs acham que há espaço para mais.

Os dois bancos elevaram suas recomendações para a Petrobras de ‘neutro’ para ‘compra’.

No Santander, o preço-alvo da ADR saiu de US$ 13,50 para US$ 19. Na Goldman, foi de US$ 11 para US$ 18,10.

O analista Rodrigo Almeida, do Santander, disse que espera um impacto limitado das mudanças recentes — como a nova política de preços e o alto capex em renováveis — nos resultados financeiros e nos dividendos da Petrobras. 

“Acreditamos que o portfólio robusto da Petrobras possa levar a um free cash flow yield de 26% e 19% este ano e no ano que vem, respectivamente, assumindo que a empresa continue a seguir vagamente os preços internacionais e que o capex continue alinhado com o plano estratégico da empresa,” escreveu o analista.

Para ele, a Petrobras deve pagar dividendos equivalentes a 40% de seu free cash flow, em comparação aos 60% de hoje. Isso deve se traduzir em um dividend yield de 16% no período do segundo trimestre deste ano até o final do ano que vem. Para este ano, o Santander está estimando um dividend yield de 13%. 

A expectativa positiva para os dividendos da estatal tem a ver com a visão do Santander de que o Governo Federal deve querer continuar recebendo altos dividendos da companhia, “dada a situação fiscal apertada do governo.”

Um risco para os dividendos, segundo o analista, seria uma eventual aquisição da Braskem e/ou da Vibra pela Petrobras. 

Na Goldman, o analista Bruno Amorim citou o valuation atrativo da ação, que negocia a um free cash flow yield de 15% — assumindo o brent em US$ 70 — em comparação a um FCF yield de mid-high single digits das petroleiras globais.

Ele também diz que os riscos de cauda da tese diminuíram depois de “clarificações sobre as políticas que serão adotadas pelo novo governo.”

O analista nota que a nova política de dividendos deve ser anunciada no final de julho, mas que o management já sinalizou que acredita que um payout de 25% do lucro é muito baixo. O management também disse que as recompras podem ser uma opção.

Já a nova política de preços “não é simples, mas aponta para a Petrobras continuar seguindo as tendências dos preços internacionais, mesmo que com um atraso ou um pequeno desconto versus os preços internacionais,” escreveu Bruno.

Sobre o capex, o analista diz que a companhia passou um guidance ao mercado que deve elevar o investimento em iniciativas de baixo carbono de 6% do capex total para até 15%, o que dá uma certa visibilidade ao mercado e limita o aumento a esse range. O capex será anunciado em novembro na divulgação do novo plano estratégico da companhia.