O Banco Inter começou a cobrir Petrobras com preço-alvo de R$ 46 para a ação PN, um upside de 24% até o final de 2022. O banco destaca a forte distribuição de dividendos – o dividend yield real de 35% neste ano e quase 20% para 2023 – refletindo a meta da companhia de entregar 60% do fluxo de caixa operacional aos acionistas.

Na visão do Inter, a Petrobras é um dos maiores cases de turnaround do mundo e, mesmo com os avanços em governança, estruturação operacional e foco no core business dos últimos anos, a ação continua barata.

O analista Rafael Winalda disse que o preço do petróleo no mercado internacional aliado ao crescimento contínuo na exploração do pré-sal e o baixo custo de produção levarão a fortes resultados operacionais da companhia.

“Em nosso cenário base, seguimos a curva futura, com o Brent projetado em cerca de US$ 100 em 2022, US$ 80 em 2023, US$ 70 em 2024, US$ 65 em 2025 e US$ 60 no longo prazo, e para a Petrobras, assumimos paridade com os preços, considerando um fator de 9% de desconto para petróleo e 35% para o gás, com base na média histórica negociada,” escreveu o analista.

Com 76% da extração em áreas do pré-sal, o Inter lembra que, segundo o plano de investimentos divulgado pela empresa, até 2026 15 navios devem entrar em operação, dentre os quais somente três são para o pós-sal. Pelas projeções do analista do banco, em 2024 a Petrobras não terá mais produção em terra, pois já terá desinvestido todos os campos onshore.

Outro fator positivo – ainda que improvável em caso de vitória do PT – é a venda de mais refinarias. Atualmente a Petrobras pretende vender outras três no curto prazo (REFAP, RNEST e REPAR) e, até 2026, manter no portfólio somente as do eixo Rio-São Paulo (8 das 19 refinarias nacionais).

Obviamente, o principal risco para a companhia é político. O Inter lembra que o preço dos derivados já foi objeto de “manobra política” e que “investimentos em ativos não-rentáveis” poderiam ter sido evitados, mas o analista não se detém na análise deste risco. (O nomes Lula e Bolsonaro não aparecem no relatório.)

Num cenário mais adverso – petróleo a US$ 60 e considerando um desconto maior entre o preço realizado pela Petrobras e o praticado nos EUA – o Inter estima que o papel negociaria a R$ 26, uma perda de quase 30% em relação ao fechamento de ontem (R$ 37,11).

Já em uma perspectiva mais otimista, estreitando um pouco mais o gap entre os preços no mercado americano, a ação poderia valer R$ 56, cerca de 50% acima do preço atual.