Pedro Zinner vai assumir como CEO da Stone nos próximos meses, substituindo Thiago Piau, que vai para o conselho, fontes a par do assunto disseram ao Brazil Journal.
Zinner deixou o comando da Eneva inesperadamente na terça-feira à noite, depois de seis anos, gerando especulação de que assumiria o comando da Vibra Energia. Ele começará na Stone em algum momento antes do final de março – um prazo que permitirá a ambas as companhias organizar a transição.
Na Eneva, o mais provável é que o vice-presidente de exploração e produção, Lino Lopes Cançado, seja promovido a CEO pelo menos interinamente, apesar dos acionistas ainda não terem discutido o assunto, fontes com conhecimento do assunto disseram ao Brazil Journal.
Um veterano com 16 anos de Schlumberger, Lino está na Eneva há oito anos, tendo começado na Parnaíba Gás Natural, a empresa que antecedeu a Eneva.
O novo cargo é um career shift improvável para Zinner – um executivo que se formou em indústrias pesadas, com passagens pelo BG Group e pela Vale antes da Eneva.
Quando Zinner assumiu a empresa, a dúvida era se a Eneva teria gás suficiente para honrar seus contratos de longo prazo, assinados quando Eike Batista ainda era controlador.
Sua gestão foi marcada por campanhas exploratórias que aumentaram em três vezes as reservas de gás da companhia.
Quando a Eneva passou de uma situação de déficit para superávit de gás, Zinner mostrou criatividade desenvolvendo uma solução para suprimento de energia no sistema isolado de Roraima – incluindo transportar gás numa carreta criogênica por mais de 1.000 km no coração da Amazônia – além de fechar contratos de LNG com a Vale e a Suzano, a primeira vez que a Eneva conseguiu monetizar sua molécula sem ser via produção de energia.
Mas Zinner sempre teve que se equilibrar entre os interesses frequentemente conflitantes dos dois maiores acionistas da empresa – a Cambuhy e o BTG Pactual – que têm perfis de risco quase opostos.
Depois do último aumento de capital da Eneva, no mês passado, a Cambuhy agora tem 20% da companhia e o BTG, 24%. Dynamo, Atmos e Velt têm quase 17% do capital como parte de um acordo de acionistas de longo prazo.
“A Stone foi feita em cima de uma cultura empreendedora, com sangue nos olhos, pessoas muito criativas,” disse uma pessoa que conhece a companhia. “Agora estão trazendo um executivo mais acostumado a organizar, planejar e cobrar, um maestro de cabelo branco — no caso dele, sem cabelo.”
Zinner assumiu um assento no conselho da Stone em março deste ano, um anúncio que pegou de surpresa os maiores acionistas da companhia.
Piau, que está à frente da Stone desde o final de 2017, levou a empresa de 5% para 11% de market share, desenvolveu o negócio de crédito e fez a maior aquisição da empresa, a compra da Linx.
Mas a Stone viu seu valor de mercado implodir quando a expansão muito rápida do crédito gerou prejuízos expressivos e a aquisição da Linx demorou no CADE e as sinergias ainda não foram realizadas.
A Stone hoje vale US$ 3,7 bilhões na Nasdaq. O papel operava a US$ 11,82, alta de mais de 12% em Nova York.