A Pague Menos estreia hoje na Bolsa depois de um IPO sofrido.
A companhia só conseguiu vender a oferta a R$ 8,50, 17% abaixo do piso da faixa indicativa, que ia de R$ 10,22 a R$ 12,54.
No final, a líder das farmácias no Nordeste levantou R$ 747 milhões e vai estrear valendo R$ 3,66 bilhões, negociando sob o código PGMN3.
O IPO vem quase cinco anos depois da GA comprar 17% da Pague Menos, um dos raros investimentos da gestora que deu errado nos últimos anos.
“A GA pagou por crescimento e não recebeu crescimento,” diz um gestor que estudou o IPO. “Ela não é um private equity — ela é um equity-growth fund. Quando a GA não ganha nada na alocação de capital, as pessoas percebem que tem algo errado.”
Nos últimos cinco anos, o resultado da Pague Menos mal saiu do lugar. Tentando oxigenar a cultura e restaurar o crescimento, a GA populou a companhia com mais de 20 executivos de mercado, mas muitos entraram na companhia só no ano passado.
“Essa empresa teve um plano de expansão mal feito,” diz um gestor que ficou de fora da oferta. “O Deusmar dizia que ‘onde tiver um brasileiro, vai ter uma Pague Menos’, e em 2009 a companhia já tinha uma loja em cada estado do País.”
Depois da GA entrar, as novas lojas não performaram, e o endividamento explodiu — obrigando a companhia a fechar dezenas de lojas. “O pitch do IPO era: a companhia não crescia até agora, mas daqui pra frente vai ser outra história,” diz um analista.
A pergunta do mercado é se todo o ajuste já foi feito, e se as novas lojas vão se mostrar rentáveis.
Quase 30% da receita da companhia vem de fora do Norte-Nordeste, onde a Pague Menos não tem um diferencial competitivo. No Norte-Nordeste, onde a companhia disse que pretende adensar sua operação, “é bem provável que ele canibalize suas lojas, porque já tem um share alto nas principais capitais e, o interior não costuma ser o melhor dos mercados para as grandes redes.”
Quando gestores ligaram para outros players da indústria para perguntar sobre a companhia, o feedback foi pouco encorajador. Também não ajudou que as duas últimas ofertas do setor performaram mal. A Panvel caiu 20% depois do re-IPO, e a D1000 — o braço de varejo da Profarma — caiu 30%.
Mas os investidores não estão prontos para declarar o mercado saturado — o que seria um problema para a Nissei, a próxima (e última) da fila (por ora). “Se for um case bom, não vejo porque não sair”.
A R$ 8,50, o consenso parece ser de que o preço não é tão salgado, mas muitos disseram ao Brazil Journal que preferem não fugir da Raia, que deve continuar sendo a grande ganhadora de share do setor. “Quanto mais você estuda Panvel e Pague Menos, mais você gosta de Raia,” foi uma frase comum no buyside nos últimos dias.
Um gestor disse que a ampla disponibilidade de capital — “todo mundo fazendo IPO” — está atrasando a consolidação natural do setor, que deveria acontecer com as redes menos capitalizadas saindo do jogo.
Os coordenadores foram Itaú BBA, Credit Suisse, JP Morgan, XP, Santander e BB Investimentos.