O mercado de crédito congelou, a indústria de fundos tomou saques brutais e bancos regionais americanos quebraram.
Ainda assim, o BTG Pactual reportou uma receita recorde de R$ 4,8 bilhões e um lucro quase recorde no primeiro tri.
O bottom line – de R$ 2,26 bilhões – foi 10% maior que no mesmo período do ano anterior, e só não superou os R$ 2,30 bilhões reportados no terceiro tri do ano passado.
A captação de net new money desacelerou para R$ 43 bilhões no trimestre, incluindo a asset e o wealth, mas ambas as áreas tiveram receita recorde.
A BTG Asset Management captou R$ 12,5 bi, um volume substancialmente abaixo dos quatro trimestres anteriores em função dos resgates que atingiram os fundos de renda fixa depois dos eventos Light e Americanas.
Já o Wealth captou R$ 30,7 bi, uma queda de 12% em relação ao tri anterior, mas em linha com a média de 2022.
O BTG agora tem a custódia de R$ 1,28 trilhão de recursos de terceiros, 23% mais do que um ano antes.
Com Light e Americanas impactando o mercado de dívida e a Selic pressionando o mercado de equities, a área de Investment Banking viu sua receita declinar para R$ 260 milhões no trimestre, uma queda de 26% ano contra ano e de 46% em relação ao quarto tri.
O banco disse que, ainda assim, o business de M&A teve um resultado recorde no tri, com o closing de operações como a JV em ativos eólicos entre a Casa dos Ventos e a Total; a venda da Elekeiroz para Oswaldo Cruz Química; a venda da Celg para a Equatorial; e a fusão Aliansce-BR Malls.
No ECM, o BTG participou das quatro ofertas de ações que já aconteceram este ano: Assaí, Dasa, Hapvida (estas, no 1Q) e Orizon.
O CFO Renato Cohn disse ao Brazil Journal que a atividade de DCM está “melhorando devagar.” Segundo ele, o banco passou o mês de abril “formando pipeline, e em uma ou duas semanas vamos começar a testar o mercado para ver o apetite.”
O ROE ficou em 20,9%, com o banco cumprindo o guidance de fazer este ano um número “acima” dos 20,8% do ano passado – e teria batido 23% não fosse por uma compra de carteira de crédito consignado do Banco Pan, disse o CFO.
O BTG vai se apropriar do ganho – R$ 301 milhões – ao longo da vida da carteira (dois anos e meio). O impacto dessa transação fez a linha de participações dar um resultado negativo de R$ 70 milhões; se o Pan tivesse vendido a carteira para terceiros, o BTG teria reconhecido o resultado na veia: a linha teria ficado positiva em R$ 231 milhões, e o ROE teria sido de 23%, disse o CFO.
O BTG disse no final de dezembro que compraria “até R$ 10 bi” da carteira do Pan “em até 24 meses” – mas não diz quanto já comprou do 4Q para cá.
A área de Sales & Trading reportou recorde de receitas – R$ 1,5 bilhão – na medida em que diversas mesas adicionadas nos últimos dois anos (soja, milho, açúcar e etanol) agora ganham tração.
O índice de Basileia fechou o tri em 15,5%, com o banco adotando uma postura mais conservadora na concessão de crédito.
Depois de crescer sua carteira entre 8% e 10% a cada trimestre no último ano e meio – operando com Basileia de 15,1% a 15,2% – o banco pisou no freio e encolheu o portfólio de crédito em R$ 1 bi.
A queda foi toda na carteira de PME (dominada pelo risco sacado, o crédito de 30-60-90 dias que é muito usado pelo varejo e no qual a Americanas teve o problema.)
A carteira PME do BTG encolheu R$ 8 bi no trimestre, enquanto a de large corporates aumentou R$ 7 bi – um número que inclui a compra da carteira do Pan.