Alex Allard é normalmente tachado de louco.
Mas para o idealizador e fundador da Cidade Matarazzo, louco é aquele rico que só pensa em acumular e não olha para o mundo além do seu próprio umbigo.
Por isso, o francês radicado no Brasil quer influenciar os ultrarricos a ver o mundo sob outra ótica – olhando muito mais para a natureza e tendo contato com ela em sua própria (e cara) casa.
“Eu estou aqui em uma missão profunda de ajudar o Brasil a colocar a natureza como o grande aliado do crescimento,” Allard disse ao Brazil Journal.
Como fazer isso? Conquistando o coração (e o bolso) dos ultrarricos.
Para isso, o empresário decidiu lançar sua marca, a “Allard”, para trazer o mesmo conceito visto no Cidade Matarazzo para outras incorporações: o ultraluxo conectado com o ambiente em que está inserido.
Para começar, Allard dará nome ao maior projeto da história da Gafisa, na esquina da Rua da Consolação com a Oscar Freire, com um VGV estimado em R$ 800 milhões.
Serão 20 apartamentos, sendo 17 de 430 m², dois duplex de 770 m² e uma penthouse de 1.298 m².
O projeto é do arquiteto Arthur Casas, e a fachada com árvores tem inspirações na própria Cidade Matarazzo. Todas as peças utilizadas na decoração – desde móveis até pedras, incluindo as obras de artes – serão de origem brasileira, também da mesma forma como acontece no antigo Hospital Matarazzo.
“Para que trazer mármore da Itália se temos pedras tão bonitas quanto no Pará?” disse Allard.
Mais do que apartamentos, o novo prédio terá uma série de serviços que poderão ser acessados tanto pelos proprietários quanto pela população em geral.
Serão dois restaurantes (uma brasserie no segundo andar e um de alta gastronomia no quarto andar), além de um centro de longevidade, spa e academia.
Nas áreas comuns, os moradores terão serviços como concierge e porte-cochère, além de duas piscinas (uma indoor, outra outdoor), pool bar, saunas e academia de última geração.
“Vai ser um encontro de marcas muito fortes e um projeto único e irreplicável que vai ser o maior da nossa história,” disse Sheyla Resende, a CEO da Gafisa.
Segundo Sheyla, a Gafisa demorou dois anos para negociar com todos os proprietários de imóveis da região. No final, conseguiu juntar um terreno de 2 mil m².
Nos últimos anos, a Gafisa mudou a chave e passou a investir apenas em imóveis voltados à alta renda em São Paulo e no Rio de Janeiro — como o edifício Tom Delfim Moreira, no Leblon.
O prédio conta com obras de artistas contemporâneos, como os irmãos Campana e Vik Muniz e apenas seis apartamentos. Um deles viralizou nas redes sociais ao ser anunciado por R$ 38 milhões.
Mesmo assim, a Gafisa, que há algum tempo vem sendo palco de disputas societárias, não vê sua ação decolar. Ao contrário: o papel está perto do low histórico e a empresa vale R$ 176 milhões na B3, menos de 25% do VGV do novo lançamento.
A CEO diz que o projeto com Allard pode ser apenas o primeiro de vários.
Allard diz haver espaço tanto para projetos no modelo visto com a Gafisa – a incorporadora é a responsável por todo o investimento estrutural e a Allard entra com a curadoria e conhecimento – quanto para investimentos proprietários da nova marca.
“O prédio é apenas uma casca, que é super importante, mas o meu business é entregar a vida para esse espaço. É como eu lido com as pessoas: eu não olho a casca, mas para o seu coração e sua alma,” disse Allard, que prevê novos anúncios nos próximos meses.
É dessa maneira que empresário quer “conectar as vibrações” dos empreendimentos com seus moradores.
“O meu trabalho é ajudar a aumentar a capacidade vibracional do meu cliente. Cada cliente tem uma, mas ele vai receber essas vibrações da Allard e aí, fodeu, eles estarão comigo para sempre,” disse. “Para eu conseguir mudar o mundo, eu preciso mudar as elites financeiras.”