Em público, poucos empresários e executivos americanos criticam Donald Trump.
Mas nos bastidores, a história é outra.
Durante um encontro a portas fechadas na Yale School of Management, ocorrido em Washington na quarta-feira, dezenas de líderes empresariais manifestaram suas preocupações com relação a temas como tarifas, imigração e um ambiente de negócios cada dia mais caótico e difícil de navegar.
O relato é de uma reportagem do Wall Street Journal.
“Eles estão sendo extorquidos e intimidados. Nas conversas reservadas, eles demonstram que estão realmente chateados,” disse ao Journal o professor Jeffrey Sonnenfeld, organizador do evento.
A “extorsão” refere-se a acordos como o que obriga a Nvidia a repassar para o Governo dos EUA uma parcela de suas vendas na China ou a golden share na US Steel.
Sondagens realizadas com os participantes dão uma mostra do mal-estar.
Com relação ao tarifaço, 71% das pessoas ouvidas disseram que é uma política prejudicial para suas empresas. 75% disseram que a Justiça deveria decidir como ilegal a imposição das tarifas decidida por Trump.
Quando questionados se planejavam investir mais na expansão da capacidade produtiva nos EUA, 62% dos entrevistados disseram que não.
Os motivos citados para o desalento, de acordo com Sonnenfeld, são as incertezas e os custos causados pelas tarifas e a política de imigração, entre outros fatores. Há críticas também à interferência no Federal Reserve e ao ‘capitalismo de estado’ praticado por Trump.
“O governo não deve escolher vencedores ou perdedores em determinados setores,” disse Nick Pinchuk, o CEO da Snap-on Tools.
Os executivos foram quase unânimes em expressar desacordo com as pressões de Trump sobre o presidente do Fed, Jerome Powell, para reduzir as taxas de juros: 80% dos entrevistados disseram que o Presidente não está agindo pelos interesses de longo prazo dos EUA.
Para 71% das pessoas ouvidas, a independência do Fed saiu enfraquecida.