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Há três anos, a gestora de private equity Pátria Investimentos bateu na porta de Fábio Ramos, dono da Sports Nutrition Center (SNC), rede de franquia de suplementos nutricionais e sucesso entre os amantes da malhação. 

“Eu fugi, não estava interessado em vender”, diz Ramos. Dois anos mais tarde, em 2015, o Pátria o procurou novamente. Dessa vez, Ramos estava mais disposto a ouvir o que os banqueiros tinham a dizer, e uma transação começou a ser desenhada.

Familiar, a SNC pertencia a ele e mais quatro sócios (o pai, a irmã, o cunhado e o irmão), mas apenas Ramos suava a camisa. A ideia era mantê-lo no negócio, substituindo os demais e aumentando a capacidade financeira da empresa. “Além disso, eles vão ser ativos na operação, o que vai fazer a diferença”, disse o empresário ao Brazil Journal, sem revelar quanto o Pátria pagou pela participação dos outros sócios.

Com esse movimento, o Pátria agora atua em três pontas do mundo fitness. Em 2009, a gestora se tornou sócia da rede de academias Bio Ritmo e, quatro anos depois, comprou o Natulab, um laboratório que faz medicamentos e suplementos nutricionais.

Uma jogada possível seria verticalizar o negócio: tornar o Natulab fornecedor das lojas da SNC. Hoje, os suplementos são produtos caros, e boa parte deles é importada. O tíquete médio da SNC vai de R$ 100 a R$ 300, dependendo de quão rico é o bairro onde fica a loja. Consolidar os elos da cadeia (que hoje inclui o fornecedor de matéria prima, o fabricante, o distribuidor e o varejista) poderia tanto aumentar a margem da operação quanto reduzir preços.

Ramos diz que esse não é só um mercado em expansão, mas também resiliente. “Mesmo na crise, as pessoas não deixam de comprar os suplementos. Elas podem trocar o importado pelo nacional ou reduzir a quantidade, mas continuam comprando.”

Ele diz que o que atraiu o Pátria é uma mudança no consumo dos brasileiros. “Da mesma forma que vemos as pessoas fumando menos, tomando menos refrigerante e fugindo do McDonald’s, vemos gente atrás de alimentação mais saudável e de um estilo de vida menos sedentário.”

Um estudo da Euromonitor mostra que o setor de suplementos movimentou US$ 240 milhões no Brasil no ano passado. Entre 2010 e 2015, o crescimento anual (já descontada a inflação) foi de 11%. Esses números ainda são tímidos se comparados com os do mercado americano (US$ 6,7 bilhões) — daí o potencial brasileiro.  Além de comprar suplementos, o brasileiro é campeão em cirurgias plásticas estéticas e é o quarto maior consumidor de cosméticos do mundo, atrás apenas dos americanos, chineses e japoneses.

Nos Estados Unidos, o negócio de whey protein tem mesmo musculatura. Os dois maiores players — GNC e Vitamin Shoppe — são listados na Bolsa de Nova York e valem US$ 1,8 bilhão e US$ 755 milhões, respectivamente.

Por aqui, o segmento é dominado por empresas familiares e bastante pulverizado. A líder é a SNC, que faturou R$ 138 milhões no ano passado e afirma ter 150 lojas (a concorrência diz que fez um levantamento e o número correto são 102 unidades; a SNC estaria desconsiderando em sua contagem as lojas fechadas). Em segundo lugar está a Flex Nutrition, que tem cerca de 30 franqueados e fatura R$ 20 milhões.