A Rede D’Or pagou R$ 800 milhões por 80% do Hospital Aliança, em Salvador, consolidando sua presença na capital baiana e adicionando o 50º hospital à sua rede. 

10912 e7db07b2 7b37 a75e f567 46f0c42234e6A Companhia de Participações Aliança, a antiga proprietária, manteve 20% das cotas do hospital assim como a propriedade dos quatro prédios que fazem parte do complexo (um dos quais ainda será construído). 

Com a transação, o portfólio da Rede D’Or na capital baiana sobe para 807 leitos. A empresa já era dona do Hospital São Rafael, com 350 leitos, e de pouco menos da metade do Hospital Cardio Pulmonar, de 249 leitos.  Os principais clientes do Hospital Aliança são Bradesco Saúde, SulAmérica e a Petrobras.

Mas a concorrência em Salvador deve aumentar.  Em agosto passado, o Mater Dei, uma rede de hospitais de excelência de Belo Horizonte, começou a construir um hospital de 24 pavimentos e 370 leitos na capital baiana.

Fundado nos anos 1990, o Aliança é o hospital-referência de Salvador e berço de millennials e centennials como o filho caçula de Caetano Veloso (hoje com 23 anos) e as gêmeas da cantora Ivete Sangalo, nascidas há dois carnavais. 

O hospital nasceu da cabeça do empresário Paulo Sérgio Tourinho como um avanço para uma cidade que tinha carência de bons equipamentos.  Tourinho, o maior acionista do antigo Banco Econômico e dono de uma das maiores seguradoras do Brasil, morreu em novembro de 2018 e já havia começado as tratativas com a Rede D’Or.  Não houve disputa pelo ativo.

A Rede D’Or pagou cerca de 17 vezes EBITDA, mas o múltiplo pós-sinergias será bem menor.  Como tem muita força comercial junto às operadoras, a Rede D’Or tipicamente entra, aplica sua tabela, corta custos e aumenta a receita.

Segundo um veterano do setor, não é incomum a Rede D’Or conseguir aumentar o EBITDA dos hospitais adquiridos em 50%.

O Aliança é um hospital geral de quatro pisos, um pediátrico de 20 leitos, além de um prédio de oito andares de consultórios onde atendem mais de 200 médicos de todas especialidades, com foco em cardiologia, neurologia e ortopedia.   E está em expansão.

A Companhia de Participações Aliança vai erguer um novo prédio e fará uma ampliação “significativa” de leitos, disse ao Brazil Journal o superintendente do hospital, Albérico Mascarenhas.  A ocupação média dos leitos do hospital hoje é de 90%. 

A inauguração do novo prédio deve ocorrer em 2023. O projeto da nova torre é no mesmo padrão dos hospitais da bandeira Star, a mais cara da rede, com um enfermeiro para cada dois pacientes na UTI. 

Segundo o BTG Pactual, das 30 aquisições de hospitais realizadas nos últimos dois anos no Brasil, 14 foram da Rede D’Or.  Os preços pagos pela companhia entre 2018 e 2020 variam de R$ 738 mil por leito a R$ 2,3 milhões/leito. Com faturamento de R$ 440 milhões e 208 leitos, o Hospital Aliança saiu a R$ 1,9 milhão/leito antes das sinergias. 

Apesar de todas as aquisições, a Rede D’Or ainda detém menos de 5% dos leitos de saúde privada no país, com um total de 7,5 mil leitos.  A companhia — que recentemente adquiriu 10% da Qualicorp — planeja chegar a 11 mil leitos até 2022 com um capex de R$ 8 bilhões para o crescimento orgânico e a construção de dez hospitais. 

A família Moll controla a empresa com 57,4% do capital. O GIC, fundo soberano de Singapura, tem 25,9% e o Carlyle, 11,9%. 

MORE GREY’S ANATOMY

Hospitais: Mater Dei (finalmente) quer expansão fora de Minas

Por que a Rede D’Or botou um pé na Qualicorp