A JBS gerou R$ 10,5 bilhões de EBITDA e um fluxo de caixa livre de R$ 9,5 bilhões no segundo trimestre, um resultado que ajudou a comprimir sua alavancagem em dólar para 1,75x, colocando a empresa na melhor posição financeira de sua história. 

Um ano atrás, a alavancagem era de 2,8x EBITDA.

“Estamos num círculo virtuoso em que a alavancagem tende a continuar caindo e não estamos vendo oportunidades de aquisições,” disse o CEO Gilberto Tomazoni. “Hoje, a companhia mais barata do setor é a nossa.”

Assumindo um enterprise value de R$ 114 bilhões (R$ 60 bi de market cap e R$ 54 de dívida líquida), a JBS está negociando a pouco mais de 4x seu EBITDA dos últimos 12 meses.

O CFO Guilherme Cavalcanti aproveitou o momento operacional único para pré-pagar US$ 875 milhões em bonds com cupons entre 5,875% e 6,25% — levando a uma redução da despesa financeira da ordem de US$ 53 milhões.

Hoje, a dívida da JBS tem custo médio de 5,15% e prazo médio de 7 anos, mas o bond de 10 anos da companhia negocia a um yield de 4% — sugerindo mais espaço para exercícios de liability management (essencialmente, a troca de uma dívida cara por outra mais barata).

O trimestre foi atípico dada a dinâmica favorável do mercado americano, mas Tomazoni disse ao Brazil Journal que o grande ativo da JBS é a diversificação de sua plataforma — presente em todas as proteínas e em diversas geografias do planeta. 

“E se tivesse acontecido o contrário, e o preço lá nos EUA tivesse caído? Teríamos ido pior, mas nem tanto..” 

A gigante de proteína faturou R$ 67 bilhões no período, um crescimento de 32% ano contra ano, e teve lucro líquido de R$ 3,1 bilhões (alta de 54%). A margem EBITDA foi de 15,5%.

Nos EUA, a unidade USA Beef — o maior faturamento da empresa — viu seu EBITDA disparar 208% com a margem EBITDA mais que dobrando para 20,8%, reflexo de uma dinâmica de preços que também beneficiou a National Beef, da Marfrig.

No negócio de porco — US Pork — o EBITDA disparou 153% com margem de 12,4%, 5,6 pontos acima do ano passado.

Já a Pilgrim Pride sofreu com a performance do mercado mexicano — altamente dependente das compras em supermercados — e viu seu EBITDA cair 36%.

No Brasil, a Seara fez margem EBITDA de 16,9% contra 11,3% da BRF — e continuou liderando em market share, segundo relatórios de bancos que citam dados da Nielsen.

A Seara fez o mesmo EBITDA que a JBS Brasil (que concentra os negócios com boi in natura): R$ 1,1 bilhão, com o grosso da performance da última vindo das exportações, que cresceram 51%.

A JBS agora tem mais de R$ 22 bilhões em caixa — sem contar linhas de crédito garantidas de US$ 1,6 bi da JBS USA.