Jamil Joanes é uma referência do suingue brasileiro.
O baixista tocou em praticamente todos os discos sacolejantes da virada dos anos 70 para os 80, e acompanhou ao vivo alguns dos pilares da MPB, de Caetano a Gil, de Elba a Fagner, passando por Gonzaguinha.
“Jamil é um dos meus professores mais importantes. Tive o privilégio de vê-lo ensaiar, criar e gravar Maria Fumaça, o disco de estreia da banda Black Rio, onde ele faz um verdadeiro passeio pelo contrabaixo, com uma desenvoltura e bom gosto fora do comum,” diz Liminha, um dos produtores mais importantes do cenário pop rock e da MPB das últimas quatro décadas – e baixista de formação.
Mas dois meses atrás, a música parou para Jamil. O músico de 70 anos sofreu uma trombose, que culminou na amputação de parte da perna esquerda.
Reunidos numa orquestra de solidariedade, diversos músicos organizaram uma corrente de ajuda financeira. No Rio, a cidade onde Jamil vive, uma casa noturna de Botafogo organizou a Jamil Open Jam Session, cuja renda está sendo revertida para o músico e a família. (O próximo show será dia 3 de outubro, dessa vez com a presença, ainda não anunciada, de um importante nome da música brasileira.)
A Banda Black Rio – o primeiro grupo onde Jamil se notabilizou – trouxe-lhe notoriedade mas não foi sua primeira experiência musical.
Nascido em Belo Horizonte, Jamil participou ainda na adolescência do Lords – um grupo mineiro de covers. Depois, segundo relatos de amigos, passou anos na Alemanha e, na volta, foi morar no Rio de Janeiro, onde passou a tocar ao lado de grandes nomes da MPB e da então iniciante soul music.
“Eu não fui frequentador dos bailes. O resultado da minha maneira de tocar é um liquidificador, uma mistura de bolero, twist, rock, samba, jazz, xaxado, soul, baião, tudo misturado. Não tenho uma linha definida. Sou autodidata, não frequentei escolas de música”, Jamil me disse certa vez numa entrevista.
Uma das características mais marcantes de Jamil está na maneira como ele acompanha os intérpretes da MPB. “Mais do que o suingue, Jamil nos passou consciência musical”, diz o baixista e produtor Marcelo Mariano, ressaltando que, embora tenha um som próprio, o baixista nunca se põe acima do artista que acompanha.
“90% dos músicos da minha geração tem esse comportamento no contrabaixo por causa desse estilo desenvolvido pelo Jamil,” disse Marcelo.
A personalidade musical do instrumentista também é ressaltada pelo baixista e produtor Kassin. “Jamil, para mim, é como se eu ouvisse um cantor: ele tem uma voz, um estilo próprio. Quando ouço ele tocando reconheço. É um gênio.”
Domingo passado, Jamil finalmente voltou para casa depois de dois meses internado. Seu estado ainda inspira cuidados. Ajudar Jamil Joanes é manter viva a memória da música brasileira e dar a essa lenda do baixo a vida honrada que sempre mereceu.
COMO AJUDAR
Há uma conta em nome do baixista, onde ele recebe doações de músicos e fãs.
Banco Itaú
Agência 7157
Conta corrente 18984-1.
PIX via CPF: 143 931 236 20
Jamil Open Jam Session – 3 de outubro
Pub Panqss
Rua Muniz Barreto, 548 – Botafogo/RJ
21-96980-1111