A nova estrutura organizacional do Itaú Unibanco, anunciada hoje à noite, resolveu a sucessão nos dois principais negócios do banco, ao mesmo tempo em que algumas nomeações mostram um banco decidido a ter menos volatilidade de resultados.
As mudanças são importantes porque preparam o caminho para a sucessão de Roberto Setúbal, que daqui a dois anos trocará a presidência da holding por um assento no conselho.
Com a nova estrutura, Setúbal, que até agora acumulava a presidência da holding (Itaú Unibanco Holding) e do banco (Itaú Unibanco SA), deixa o dia-a-dia na mão de um comitê executivo para se ocupar da estratégia.
As escolhas de Eduardo Vassimon — que já era o chief risk officer do banco e agora acumula também o cargo de CFO — e de Caio Ibrahim David para o cargo de tesoureiro sinalizam um Itaú Unibanco preocupado em proteger seu balanço e mais avesso a tomar riscos em trading, na visão de gestores que acompanham o banco.
David, que tem um perfil de controladoria e até agora era o CFO do banco, sucede Daniel Gleizer, cuja saída já havia sido anunciada. “Em vez de um cara com perfil de mercado, pegaram um cara que olha para o balanço,” disse um gestor.
A escolha de Cândido Bracher como diretor geral de atacado era óbvia. Bracher, que como head do Itaú BBA até agora liderava os negócios do Itaú com grandes e médias empresas, passa a acumular também o asset management, o private bank e a gigantesca área de custódia do Itaú, a maior do País.
Com as mudanças de hoje, Bracher também passa a supervisionar as operações do banco na América Latina. Até recentemente, os negócios do Itaú na região eram mais ligados à operação de varejo do banco. Mas depois da aquisição, no passado, do CorpBanca, no Chile — predominantemente um banco de empresas — fazia todo sentido colocar a América Latina sob a diretoria de atacado. O chefe da região continua sendo Ricardo Marino, que passa a se reportar a Bracher.
A costura mais delicada era na diretoria geral de varejo, onde Marco Bonomi e Marcio Schettini eram vistos como os candidatos mais viáveis. Setúbal parece ter encontrado uma solução elegante: nomeou Bonomi, mas manteve Schettini se reportando diretamente a ele — e com o status de diretor geral, o mesmo de Bracher e Bonomi.
No varejo, Bonomi, que antes comandava a rede de agências do banco, agora ganhou de presente os negócios de cartões, a Rede (a antiga Redecard), imobiliário, seguros, veículos e crédito, que antes estavam com Schettini. A área de marketing também fica com Bonomi.
Schettini, até agora o head de todos estes negócios herdados por Bonomi, vai assumir a diretoria geral de “tecnologia, operações e eficiência,” e o banco fez questão de notar no comunicado que estas são “as operações que viabilizam os negócios” de varejo e de atacado. A interpretação no mercado é de que este arranjo posiciona Schettini como o sucessor lógico de Bonomi.
Claudia Politanski continua como vice-presidente do jurídico e da ouvidoria, e passa a acumular as áreas de pessoas, comunicação corporativa e relações institucionais e governamentais.