Parece que o IRB está virando a página.

O resultado do terceiro trimestre publicado ontem à noite sugere que o processo de “re-underwriting” — a reavaliação de contratos e o cancelamento daqueles com resultados ruins  — está chegando ao fim após quatro trimestres sofridos.

“O trabalho de revisar a carteira do IRB como se fosse a principal razão de existir da empresa acabou,” Raphael Carvalho, que assumiu como CEO do IRB em 1º de outubro, disse ao Brazil Journal. “Agora podemos ir atrás da missão que recebi, que é fazer o IRB  voltar a crescer com rentabilidade.”

O IRB teve prejuízo de R$ 158 milhões no trimestre, uma queda de 28% na comparação anual. (O prejuízo só não foi maior porque a resseguradora ganhou uma ação judicial de R$ 129,3 milhões referente ao PIS/Pasep.)

O resultado foi afetado negativamente por conta de R$ 329 milhões em cancelamentos de contratos.

Willy Otto Jordan Neto, o novo CFO, disse que daqui para a frente a tendência será de um efeito mais residual do “re-underwriting” nos resultados.

Ano passado, a revisão de quatro grandes contratos afetou negativamente o resultado do IRB em R$ 753 milhões. Nos nove meses de 2021, esse impacto está em R$ 537 milhões — incluindo um ‘efeito cauda’ dos cancelamentos do ano passado e mais 13 reavaliados este ano.

Apesar do IRB aparentemente já ter passado pelo pior, ainda há dúvidas no mercado sobre qual será o novo patamar de rentabilidade da empresa.

A única certeza é que o ROE vai ficar a léguas de distância dos 34% que eram apresentados pela dupla Cardoso/Passos (os antigos CEO e CFO), e que atraiu a famosa posição short da Squadra. (A mediana do ROE entre as resseguradoras globais era próxima de 5%, enquanto o IRB divulgava os 34%.)

Muita gente no mercado ainda acha que o futuro do IRB é muito pouco promissor, mas o novo CEO afirma que o IRB está no caminho certo. Segundo ele, excluindo o efeito do “re-underwriting”, o IRB teve um lucro recorrente de R$ 44,5 milhões no trimestre.

Além disso, em vez de queimar caixa, como fazia antigamente (mesmo quando dava lucro), o IRB gera caixa há cinco trimestre consecutivos; no terceiro tri, foram R$ 605 milhões, uma alta de 332% na comparação sequencial.

“É um privilégio fazer parte dessa organização com mais de 80 anos que, sim, passou por um soluço grave nos últimos 18 meses,  mas que é um soluço quando se olha a história e a importância da  empresa,” disse Raphael.

Segundo ele, a divulgação de um novo guidance ainda está sendo discutida.

Raphael tem passagens por empresas globais como Visa e Accenture, e foi CEO da MetLife por mais de seis anos. Mas esta é sua primeira experiência à frente de uma empresa listada no Brasil, e uma que tem uma base acionária ‘animada’ que vive discutindo — e torcendo — pela empresa nas redes sociais. “Eu estou animado também,” disse Raphael.