Jorge GerdauA demanda por aço no mundo deve crescer só 4% ao ano, em média, até 2016, comparado a um crescimento de 7% ao ano na última década.

A estimativa é da Goldman Sachs, que acaba de publicar um relatório sobre as siderúrgicas mais bem posicionadas para o fim do chamado “super ciclo”, ou seja, a época das vacas gordas para os produtores de commodities.

O time de analistas de siderurgia global da Goldman analisou 35 empresas. Entre as brasileiras, eles ficam com a Gerdau, cujas ações estimam ter um potencial de alta de 34%.

A Goldman fez dois tipos de análise: a posição competitiva das empresas (incluindo aí as barreiras comerciais e concentração de mercado das quais elas se beneficiam) e o valor a que estão cotadas na Bolsa. Em seguida, a Goldman cruzou os dados.

A Cia. Siderúrgica Nacional (CSN), por exemplo, teve a melhor posição competitiva no mundo (dado que tem mineração própria), tirando o equivalente a uma nota 100 no ranking da Goldman (contra 73,5 da Gerdau). Mas a Goldman considera a ação da CSN proibitivamente cara a preços atuais, e diz que a Gerdau oferece o melhor mix de posição competitiva e preço.

O cenário da siderurgia será turbulento nos próximos anos.

“Achamos que o mercado de aço vai entrar numa fase de consolidação e reestruturação relativamente longa e dolorosa, sem a qual as empresas não serão capazes de ter retornos iguais ao seu custo de capital. As siderúrgicas melhor posicionadas para gerar retornos superiores serão aquelas expostas a mercados regionais com uma estrutura de mercado favorável (concentração/barreiras de entrada), que ofereçam produtos mais elaborados e tenham vantagens significativas no seus custos/capital,” escreveram os analistas do banco.

Em tempo: os analistas de siderurgia da Goldman no Brasil (uma outra equipe) acham que as ações da Usiminas têm potencial de alta bem maior que a Gerdau (60%), mas também reconhecem riscos maiores na empresa. O principal: a necessidade da CSN de vender sua participação na Usiminas, como determinado pelo CADE no início deste mês.  A CSN tem 14,3% das ONs da Usiminas e 20,7% das PNs. A possibilidade de que estas ações sejam oferecidas no mercado (em vez de vendidas para um único comprador estratégico) acaba gerando cautela entre os investidores.