Numa vitória inesperada para o Governo, a agência Moody’s cortou a nota de crédito brasileira mas manteve o País com o precioso grau de investimento, detonando um rali de alívio na Bolsa, juros e câmbio.
A nota que a Moody’s dá ao Brasil está agora no mesmo patamar daquela dada pela agência Standard & Poor’s, que no mês passado colocou a nota do País em perspectiva negativa.
A notícia, que saiu quando a Bovespa estava em seu leilão de fechamento, fez o índice futuro disparar 1.000 pontos em 10 minutos, para 49.700 pontos.
No chamado mercado ‘after hours’, o dólar futuro com vencimento no final de agosto caiu de R$3,525 para R$3,495, e a curva de juros — que afeta o custo do dinheiro que irriga a economia — viu suas taxas caírem para todos os vencimentos.
No mercado, a decisão da Moody’s está sendo chamada de “o downgrade que foi um upgrade,” porque muitos analistas e investidores esperavam que a agência rebaixasse a nota brasileira dois degraus — o que seria atípico mas em linha com o sentimento negativo do mercado. Isto teria feito o Brasil perder o grau de investimento, o selo de qualidade do qual investidores internacionais dependem para poder comprar títulos do País no mercado global.
A Moody’s não apenas cortou a nota menos do que o esperado, mas deu outro presente à equipe econômica liderada por Joaquim Levy: afirmou que a perspectiva da nota brasileira é ‘estável’, o que afasta a possibilidade de outro corte nos próximos seis a nove meses.
A notícia retira da sala um elefante monstruoso: a perspectiva de que o Brasil perderia o grau de investimento e veria o custo de financiamento da República subir ainda mais, depois de anos de desconstrução do tripé que garantiu a estabilidade monetária no pós-Real: regime de metas de inflação, superávit fiscal primário e câmbio flutuante.
Para quem acredita em ‘second chances’, o Brasil hoje teve a dele.
Resta saber se o Governo e o Congresso saberão aproveitá-la.