A Neon Pagamentos acaba de levantar R$ 1,6 bilhão numa rodada Série C que aumenta o poder de fogo da fintech num momento de crescimento forte e competição idem.
A rodada foi liderada pela General Atlantic — que já havia investido no Neon em novembro passado — e permitiu a entrada de quatro novos investidores: Blackrock, Vulcan Capital, Endeavor Catalyst e PayPal Ventures, no primeiro investimento da PayPal numa fintech brasileira.
Os investidores atuais, Monashees e Flourish Ventures, também acompanharam.
Os recursos vão entrar no caixa em duas etapas — metade agora e o restante ao longo dos próximos meses — e vem nove meses depois do Neon levantar R$ 400 milhões numa rodada liderada pela General Atlantic e BV (o antigo Banco Votorantim).
Esta é a quinta captação do banco desde que foi fundado em 2016 por Pedro Conrade.
Desde a última captação, a Neon triplicou sua base de clientes — impulsionada em parte pela digitalização forçada pela pandemia. Hoje, tem cerca de 9,5 milhões de usuários, frente a 3 milhões no final do ano passado. (A Neon não revela seus ‘usuários ativos’). Para efeito de comparação, o Banco Inter tem 6 milhões de correntistas; e o Nubank, cerca de 26 mi.
O volume investido, saldo em conta corrente e as transações de débito e crédito dobraram no período.
Hoje, a Neon oferece uma conta digital com cartão de crédito e débito, empréstimo pessoal e tem uma operação incipiente de investimentos que será turbinada com a integração da Magliano, a corretora adquirida pela fintech em julho. O plano é usar os recursos da capitalização para investir em tecnologia e lançar novos produtos, tanto com o desenvolvimento interno quanto via aquisição de players menores.
A Neon vai lançar uma solução de serviços financeiros para o MEI Fácil, a plataforma de gestão para microempreendedores que adquiriu no ano passado, bem como expandir sua oferta de crédito.
Os lançamentos devem aumentar a monetização da base de clientes.
“A receita por cliente já tem evoluído muito nos últimos meses e vai crescer ainda mais,” diz Rafael Matos, que deixou a GA há seis meses para virar o head de M&A e fundraising da Neon. “Nossa principal fonte de receita hoje é o cartão de crédito e achamos que a penetração dele deve chegar a 30% da base.”
A Neon teve uma receita de R$ 24 milhões no ano passado (sem considerar a operação de crédito, que fica dentro do BV) e espera triplicar o valor este ano. O EBITDA ainda é negativo e, segundo Conrade, não é prioridade da empresa ter geração positiva de caixa “nem no curto, nem no médio prazo.”
A rodada vem num momento de forte competição no mercado de bancos digitais, com novas fintechs surgindo todos os dias, varejistas investindo em serviços financeiros e concorrentes altamente capitalizados. O Nubank fez uma rodada de US$ 300 milhões há dois meses no mesmo valuation de um ano atrás (US$ 10 bi), enquanto o Inter anunciou um follow-on de cerca de R$ 1 bi para investir no marketplace.
“Nascem muitas fintechs por dia, mas poucas sobrevivem até o final do ano,” diz Conrade. “Para um novo banco digital chegar no nível dos que já existem hoje ele tem que passar por muito coisa que já passamos. Acho que vão ter alguns poucos players vencedores… um grupo de fintechs que vão ter o seu nicho e seu market share.”