Nassim Taleb fez fama (e uma legião de seguidores) com o livro “The Black Swan”, que criticou severamente os modelos financeiros usados pelo mercado para avaliar risco e praticamente previu a crise de 2008. 

Enquanto espera a próxima crise, Taleb pontifica sobre tudo no Twitter, onde tem se revelado um misto de sábio com tio ranzinza.

Semana passada, depois de uma viagem a São Francisco, o tio ranzinza explodiu.

10533 0103ab93 7a6f 6180 5ae7 0f585b1e0e1a“São Francisco: millennials tatuados, com um problema de atitude, morando apertados e pagando aluguéis exorbitantes. E (agressivamente) vegetarianos.”

A metralhadora continuou:

“O culto da juventude (pela juventude) resulta de uma falácia lógica elementar. Se 90% das inovações bem-sucedidas vêm dos jovens, menos de 1/1000 das inovações dos jovens funcionam. Estatisticamente, a juventude está correlacionada com a mediocridade, a indolência, a fraqueza física e a falta de criatividade.” 

Pode ter sido apenas um momento de frustração do oráculo, mas um estudo recente do MIT mostra que ele tem alguma razão.

De acordo com o estudo da MIT Sloan School of Management, a vida de uma startup de sucesso começa aos 40.  Menos de 1% das startups de alta performance tem como fundador um empreendedor ‘com espinha na cara’ (na faixa dos 20). A idade média dos empreendedores dentre as startups mais bem sucedidas – mais de 904 funcionários em até cinco anos – é de 45 anos.

Os pesquisadores analisaram dados de 2,7 milhões de pessoas que abriram negócios entre 2007 e 2014 nos EUA. 

Curiosamente, quanto mais bem sucedido o negócio, maior a idade do fundador. A idade média de um empreendedor com pelo menos um funcionário contratado é de 42 anos. Para aqueles que ao final de cinco anos de negócio tinham pelo menos 56 funcionários, a idade média é 43,7 anos. Já para aqueles que conseguiram uma porta de saída, via IPO ou aquisição, a média de idade sobe para 46,7 anos.

“Todas as evidências sugerem que os empreendedores são mais bem sucedidos quando começam um negócio na meia-idade ou a partir da meia-idade, enquanto os mais jovens ficam em desvantagem”, diz o estudo. “Não encontramos nenhuma evidência de que fundadores na faixa dos 20 anos têm mais chance de sucesso.”

A predominância de fundadores mais velhos nas empresas de alto crescimento se deve, em parte, pelo fato de que a maior parte dos fundadores de empresas são quarentões. Mas os números mostram que a chance de um empreendedor se tornar muito bem sucedido (estar entre o top 0,1%) praticamente dobra se o empreendedor começar o negócio depois dos 30 anos. Já um fundador de 50 anos tem 1,8 x mais chance de criar um negócio de alta performance, com uma porta de saída bem sucedida, do que um de 30 anos. 
 
“Você tem à sua frente duas ideias idênticas, uma proposta por uma pessoa muito jovem e a outra por uma pessoa de meia idade. Se essa é a única informação de que você dispõe, e o objetivo for prever o sucesso, você vai se dar melhor apostando na pessoa de meia idade”, diz Pierre Azoulay, que assina o trabalho com o estudante de doutorado Daniel Kim, o pesquisador do Censo americano Javier Miranda e o professor da Northwestern, Benjamin Jones.
 
Os insights do estudo valem mesmo para as lendas do Vale do Silício. Embora Apple, Microsoft e Google tenham sido fundadas por empreendedores de 20 e poucos anos, foi só bem mais tarde que ficaram muito ricos. 
 
Steve Jobs tinha 21 anos quando ajudou a fundar a Apple, mas já era um CEO maduro e quarentão quando o iMac foi lançado. Bill Gates tinha 20 ao fundar a Microsoft, mas as trading multiples da companhia só atingiram o pico quase 20 anos depois. Já Larry Page e Sergey Brin tinham 25 quando fundaram o Google em 1998, mas o auge da valorização veio 11 anos depois.

Além da idade, os pesquisadores do MIT descobriram ainda que a experiência também faz toda a diferença para o sucesso: empreendedores que tiveram um emprego na mesma área de atuação das suas startups se mostraram 125% mais bem sucedidos. 
 
É quase um clichê dizer que a experiência vem com a idade, embora isso muitas vezes seja ignorado por uma sociedade que glamouriza o jovem. Mas a realidade é que além da quilometragem rodada, “é com a idade que as pessoas acumulam mais recursos financeiros, contatos e relacionamentos sociais,” Kim disse ao site do MIT. “Tudo isso soma para o sucesso de um negócio.”
 
Para os jovens empreendedores ansiosos para empreender, a lição do estudo é que pode ser interessante pensar em uma carreira de empregado como uma opção temporária.
 
“Você pode ter uma grande ideia, mas talvez não tenha as qualificações ideais ou a experiência para fazer a ideia acontecer. Pense em uma carreira como opção temporária, não como caminho absoluto”, diz Kim.