A LATAM está investindo meio bilhão de dólares para retrofitar sua frota, adicionar mais conforto a seus aviões e lutar para recuperar o passageiro de negócios.
Metade desse valor está sendo investido no Brasil, de longe o maior mercado da empresa.
A companhia, que fez seu nome estendendo o tapete vermelho aos passageiros no Brasil, nos últimos anos cedeu a liderança de mercado para a Gol e viu seu produto perder o diferencial.
Agora, o CEO Enrique Cueto está apostando num upgrade, tentando deixar uma frota relativamente antiga com cheiro de avião novo.
“Estamos segmentando a cabine para atender, no mesmo avião, o passageiro que quer voar low cost e o corporativo”, Cueto disse ao Brazil Journal.
O investimento inclui o retrofit das cabines de 200 aviões (dois terços da frota da LATAM) nos próximos dois anos – e a reformulação do serviço de bordo de todas as classes em voos internacionais e domésticos.
No Brasil, o retrofit começou pelo Boeing 777. Até fevereiro, todos os 777 estarão configurados com a Premium Business: full-flat bed, tela de 18 polegadas e layout 1-2-1, em que todos os passageiros têm acesso ao corredor.
Os aviões também ganharão sete fileiras de LATAM+, uma classe econômica melhorada, com mais espaço entre as poltronas, descanso para os pés, compartimento de bagagem de mão dedicado, tomada USB e embarque prioritário. (A classe econômica normal também terá tomadas USB e um novo estofamento.)
A segmentação dos aviões também vale para o mercado doméstico, com assentos premium nas primeiras cinco fileiras do avião, com poltrona de couro e mais espaço. A nova configuração estará em toda a frota doméstica brasileira até julho de 2020.
O serviço de bordo também vai ser repensado. Desde a semana passada, a empresa suspendeu o Mercado LATAM, seu serviço de venda de comida a bordo, que dava prejuízo no Brasil. A LATAM não definiu ainda como vai ser o novo serviço de bordo doméstico.
Na conversa com o Brazil Journal, Cueto refletiu sobre os percalços da compra da TAM: “Foi bem mais difícil do que a gente esperava; o Brasil não cresceu, veio a crise. Mas se não tivéssemos nos unido, teríamos desaparecidos todos.”
Em 2012, quando LAN e TAM se fundiram, elas valiam juntas US$ 13 bilhões. A LATAM hoje vale US$ 4,7 bilhões.
O plano de voo original previa ampliar a frota de 300 para 480 aviões até 2018 – hoje são 318 –, e recuperar o grau de investimento um ano após a fusão por conta das sinergias e cortes de custo esperados.
Ainda assim, a companhia comemorou no ano passado seu melhor resultado desde 2012: um lucro de US$ 182 milhões.
“Não foi o melhor momento para fazer a fusão,” disse Cueto, lembrando com pesar que o dólar estava a R$ 1,65 quando a LAN fez uma proposta para comprar a TAM. “Quem sabe qual o melhor momento? Nos últimos 50 anos o Brasil tem sido assim, nesse vai não vai. O importante é que sobrevivemos.”