A Via contratou bancos para um follow-on de R$ 1 bilhão que deve reforçar o caixa da dona das Casas Bahia e do Ponto num momento em que o CEO Renato Franklin está começando a executar um plano de turnaround com diversas frentes.
A oferta – 100% primária – vai gerar uma diluição brutal para os acionistas que optarem por não participar. Com a emissão de cerca de 750 milhões de novas ações, a diluição deve girar em torno de 47%. A companhia vale R$ 2,05 bilhões na B3.
Bradesco BBI, BTG Pactual, UBS BB, Itaú BBA e Santander Brasil estão coordenando a oferta.
Três acionistas de referência da companhia – Michael Klein e os fundos Goldentree e Twinsf, que têm 17,8% do capital – já disseram que pretendem acompanhar o aumento de capital.
A oferta não é exatamente uma surpresa. Desde o início do mês, quando a Via chamou uma AGE para aprovar o aumento de seu limite de capital autorizado, o mercado já especulava que a companhia faria um follow-on.
A Via disse hoje que vai usar os recursos para melhorar sua estrutura de capital, com o reforço de seu capital de giro e o investimento nas cotas subordinadas de um FIDC que a empresa quer levantar.
A ideia com esse FIDC é mudar o funding do crediário. Hoje, o funding vem dos bancos, que antecipam o fluxo de caixa do consumidor final para a varejista em troca de juros. Esses créditos — chamados de CDC — representam hoje cerca de R$ 5 bilhões, quase metade da dívida da companhia.
A ideia é colocar o crediário em um FIDC, o que deve liberar limite bancário para a companhia e permitir taxas e condições melhores.
O Citi notou que a dívida financeira da Via não é “necessariamente problemática hoje”, já que 66% dela tem vencimentos no longo prazo.
“O problema é que as despesas financeiras totais — incluindo dívida, custos de CDC e desconto de recebíveis — somaram R$ 2,8 bilhões nos últimos 12 meses, em comparação a um EBITDA ajustado de R$ 2,2 bi,” escreveu o analista João Pedro Soares. “Portanto, o management precisa reestruturar o balanço.”
No final do segundo tri, a Via tinha R$ 3,6 bilhões em dívidas financeiras, R$ 1,5 bi em supplier financing, R$ 5 bi em CDC e R$ 2,1 bi em passivos trabalhistas.
O custo médio da dívida era de CDI + 2,6%.