A Moove – uma fintech nigeriana voltada para o financiamento de carros para motoristas de aplicativo – acaba de anunciar a compra da startup brasileira Kovi, que atua no mesmo segmento aqui e no México.

As conversas começaram em meados do ano passado, e o negócio cria em uma empresa com faturamento pro forma de US$ 275 milhões em 2024 – 60% vindos da Moove e o restante da Kovi – e uma frota de 36 mil carros.

A transação envolve apenas uma troca de ações entre os sócios, mas os percentuais não foram divulgados. 

“A Kovi construiu um negócio impressionante com uma presença robusta no Brasil, um dos mercados de mobilidade mais dinâmicos do mundo, e essa transação reforça nossa posição como um dos principais players em mobilidade global,” disse o co-fundador e co-CEO da Moove, Ladi Delano.Ladi Delano ok

O CEO e fundador da Kovi, Adhemar Milani Neto, disse que, apesar de ser uma aquisição, a gestão da Kovi seguirá sendo a mesma. 

“Vamos manter o mesmo nome e eu continuarei como CEO,” Adhemar disse ao Brazil Journal. “O que vai mudar é que a Kovi será absorvida e eu me tornarei founder da Moove.”

A Moove é uma startup fundada em 2019 por Delano e Jide Odunsi, dois nigerianos, com o objetivo de democratizar a compra de veículos na África. 

Ao contrário da Kovi, que atua quase sempre no modelo asset light – alugando carros das montadoras num contrato de leasing e sublocando tipicamente para motoristas de aplicativos – a Moove compra os veículos e depois os vende aos motoristas, que pagam o financiamento com o dinheiro das corridas. 

A estratégia deu certo e a Moove já expandiu seu serviço para 19 cidades em cinco continentes.

No meio do caminho, a startup africana chamou a atenção de grandes investidores. 

Desde sua fundação, a empresa levantou US$ 250 milhões em equity e outros US$ 210 milhões em dívida com nomes como Uber, BlackRock e Mubadala. O último aporte aconteceu ano passado, quando o Uber liderou uma rodada da US$ 100 milhões.

É com esse dinheiro que a Kovi vai expandir sua operação na América Latina. 

A startup também tem Monashees, Globo Ventures e o ex-fundador do PayPal, Peter Thiel, entre seus investidores. A Kovi recebeu seu último aporte, de R$ 500 milhões, em 2021, e já queria ter acelerado seu crescimento no mercado latino naquela época, mas a crise dos chips impactou a produção de veículos.

“Com a falta de carros, preferimos focar mais nas questões internas e nos mercados que já estávamos, que eram o Brasil e o México, e também passamos a oferecer carros usados em nossa plataforma,” disse Adhemar. 

Mesmo assim, segundo o CEO, a empresa cresceu 50% cada um dos últimos três anos.

11622 5a2b8ea0 bab6 4b55 cd00 a2df258a150cCom acesso ao novo capital, Adhemar vê a empresa estreando em novos mercados da América Latina, assim como expandindo sua atuação no Brasil. Até agora, a Kovi atua apenas em São Paulo e Porto Alegre.

“A ideia é chegar a todas as capitais do Brasil ainda em 2025,” disse.

Segundo Adhemar, com a troca entre Moove e Kovi, a operação no Brasil deve passar a atuar de maneira mais firme com frota própria, em vez de focar somente no leasing.

“Nós sabemos atuar sendo asset light e eles como asset heavy, então acredito que a Kovi será um pouco mais como a Moove, e a Moove também será mais como a Kovi,” disse.

Entre as novidades que a Kovi também quer exportar para os outros mercados da Moove está a oficina própria, que ajuda a reduzir os custos da companhia com os carros alugados.

“Até abrimos um curso técnico para mecânicos com a possibilidade de realizar curso de forma remunerada,” disse.