A Bradesco Seguros e a Mater Dei acabam de anunciar uma joint venture para operar um novo hospital em São Paulo — em mais um movimento da operadora de saúde para crescer em hospitais, reduzindo sua dependência de grupos como a Rede D’Or e Dasa.
A JV será controlada pela Atlântica — a holding de hospitais da Bradesco Seguros — com 51% do capital. O restante será do Mater Dei.
O hospital vai ser construído num imóvel que pertence à BSP — a holding imobiliária do Bradesco — que abrigava uma agência bancária. O investimento para a construção do hospital é estimado em R$ 600 milhões e será feito todo pela BSP, que depois vai locar o imóvel para a JV.
A JV terá que investir apenas nos equipamentos médicos e no enxoval do hospital, um capex relativamente pequeno.
O hospital ficará no bairro de Santana, na Zona Norte de São Paulo, e terá uma capacidade de entre 250 e 300 leitos. A área total do empreendimento será de 45 mil metros quadrados.
Henrique Salvador, o chairman do Mater Dei, disse ao Brazil Journal que a região de Santana tem um adensamento grande, uma penetração forte de planos de saúde e uma oferta escassa de hospitais de referência — o que tornou a região atrativa para o investimento. O principal hospital da região hoje é o São Camilo.
Para o Mater Dei, o acordo foi uma forma de entrar numa cidade onde a competição é brutal.
“Sempre quisemos entrar em São Paulo, mas é um mercado muito consolidado e com players relevantes. Inicialmente, precisaríamos estar junto de um parceiro relevante,” disse Henrique.
Segundo ele, a partir desse primeiro hospital o Mater Dei pode crescer mais na cidade, caso identifique outras oportunidades “que possam fortalecer o nosso posicionamento.”
O novo hospital deve levar cerca de quatro anos para ficar pronto. A previsão é que o ano que vem seja destinado à obtenção das licenças de construção com a prefeitura e que a obra comece em 2025.
O acordo prevê que o Mater Dei será o responsável pela gestão hospitalar e administrativa.
O movimento de hoje vem depois da Atlântica ter feito outras parcerias semelhantes nos últimos meses. Em março, ela fechou uma parceria com o Hospital Albert Einstein para construir um novo hospital na Zona Sul de São Paulo, num investimento de R$ 600 milhões.
Esse hospital terá 300 leitos e será gerido pelo Einstein.
Alguns meses depois, em agosto, a Atlântica comprou 20% do Grupo Santa por R$ 1 bilhão, tornando-se acionista minoritário da maior rede hospitalar do Centro-Oeste, com hospitais como o Santa Lúcia, em Brasília.
Em maio de 2022, a Atlântica também havia feito uma parceria com a BP e o Fleury para criar uma nova empresa de oncologia.
O Itaú BBA notou que esses investimentos em hospitais “certamente fortalecem a sustentabilidade do produto Bradesco e devem trazer mais eficiência de custos para a seguradora.”
“Apesar do impacto direto ser limitado para a Rede D’Or e DASA, esse é um movimento estratégico do Bradesco que indica sua intenção de internalizar custos e reduzir sua exposição a determinados grupos hospitalares.”
Para o Mater Dei, o Itaú disse que a transação é “obviamente” positiva, já que reforça a presença da companhia numa região importante e com um volume de pacientes já garantido pela seguradora do Bradesco.
No final do terceiro trimestre, o Mater Dei tinha um caixa líquido de cerca de R$ 300 milhões, a melhor relação de endividamento do setor.
A ação da Mater Dei sobe 0,25% hoje. A companhia vale R$ 3,1 bilhões na B3.