Depois da ExxonMobil pagar US$ 60 bilhões pela Pioneer no início do mês, outra megafusão do setor de petróleo acaba de sair do forno.
A Chevron disse hoje que vai pagar US$ 53 bilhões em ações pela Hess — dobrando sua aposta de que a demanda por combustíveis fósseis vai continuar quente por décadas.
A Chevron ofereceu uma relação de troca de 1,025 de suas ações para cada ação da Hess, o equivalente a US$ 171 por ação. Isso dá um prêmio de apenas 4,9% em relação ao preço de tela e de 10% em comparação à média dos últimos 20 pregões.
Considerando as dívidas, o enterprise value da Hess foi de US$ 60 bilhões.
A transação vem num momento em que as petroleiras americanas vem buscando formas de gastar a montanha de caixa que geraram nos últimos anos com a crise energética global. Ela vem também em meio a uma dúvida sobre o futuro de longo prazo do setor, dado que muitos países estão tentando reduzir sua dependência dos combustíveis fósseis.
A abordagem da Chevron e da Exxon — de aumentar a escala no setor, apostando numa demanda resiliente por petróleo — é diametralmente oposta a das major oils europeias (como a BP e a TotalEnergies), que tem investido pesado em energia renovável.
Com a aquisição da Hess, a Chevron vai aumentar sua produção de petróleo em mais de 10%.
Hoje, a companhia produz cerca de 3 milhões de barris de óleo equivalentes por dia; já a Hess, produz 387 mil barris/dia, grande parte em um campo na Guiana.
A Hess tem uma participação de 30% num campo offshore de 6,6 milhões de acres em Guiana — onde a Exxon é o principal operador — além de um projeto de xisto no Bakken, na Dakota do Norte.
O CEO da Hess, John Hess, que vai se juntar ao board da Chevron, disse que a companhia tem um dos portfólios de maior crescimento da indústria, “incluindo a Guiana, a maior descoberta de petróleo do mundo nos últimos dez anos, e o xisto de Bakken, onde estamos liderando a produção de petróleo e gás.”
Numa entrevista recente ao Financial Times, o CEO da Chevron, Mike Wirth, defendeu sua abordagem de aumentar a produção, argumentando que a companhia não vende um produto maligno, mas um produto bom para a sociedade.
Ele também criticou as projeções da Agência Internacional de Energia, que mostram que a demanda por petróleo deve atingir seu pico antes do fim dessa década.
“Eu não acho que eles estão nem um pouco certos,” disse ele. “Você pode construir cenários, mas vivemos no mundo real, e temos que alocar capital para suprir demandas do mundo real.”
Como parte da transação, a Chevron disse que vai emitir 317 milhões de novas ações.
A companhia também pretende aumentar seu programa de recompra de ações em mais US$ 2,5 bilhões, como um sinal de sua confiança na geração de caixa do negócio e no futuro do preço do petróleo. Hoje, o programa de buyback da companhia é de US$ 20 bilhões por ano.