A ExxonMobil está pagando US$ 59,5 bilhões pela Pioneer, uma gigante americana na exploração dos campos de shale.

Esta é a maior aquisição da Exxon desde a sua fusão com a Mobil, anunciada em 1998 e concluída em 1999, e a maior fusão do setor de petróleo e gás em duas décadas.

Incluindo dívidas, a Pioneer está sendo avaliada em US$ 64,5 bilhões na transação.

O negócio é uma troca de ações, e deve ser concluído no primeiro semestre de 2024. Os acionistas da Pioneer vão receber 2,3234 ações da Exxon para cada papel da Pioneer.

No acordo, a ação da Pioneer foi avaliada em US$ 253, um prêmio de quase 7% em relação ao fechamento de ontem, mas de 18% em relação ao dia antes do Wall Street Journal noticiar as conversas, na semana passada.

A transação vai consolidar a liderança da Exxon na exploração pelo processo de fracking nos EUA, hoje concentrado no oeste do Texas.

Segundo Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), o Brasil tem reservas inexploradas de xisto na Bacia do Parnaíba (Maranhão), no Vale do Jequitinhonha (Minas Gerais) e na Bacia do Paraná, mas as empresas não conseguem licenciamento ambiental para explorar o gás de xisto no País. “Enquanto isso, a vasta maioria do GNL importado pelo Brasil tem origem no shale, e o Brasil está estudando financiar um gasoduto para trazer o gás de Vaca Muerta da Argentina para o Brasil, um gás que também é extraído do xisto.”

Nenhuma outra empresa possui mais campos de exploração do que a Pioneer na chamada Permian Basin. Juntas, as companhias terão reservas estimadas em 16 bilhões de barris de óleo equivalente só nas jazidas dessa reserva.

A produção da Exxon na área vai mais que dobrar, superando 1,3 milhão de barris equivalente por dia. Até 2027, o total deve chegar a 2 milhões de barris/dia.

A Pioneer é a principal operadora da Permian, com 9% do total. A Exxon está em quinto, com 6% da produção.

A petroleira vê na aquisição da Pioneer um movimento estratégico para ampliar sua capacidade na oferta de petróleo e gás produzido a partir do shale (xisto, em português), cujas reservas podem ser exploradas mais rapidamente e de maneira mais flexível em relação aos grandes investimentos necessários para extrair o petróleo em águas profundas.

A Permian é uma das bacias mais disputadas dos EUA por causa dos custos relativamente baixos para extrair petróleo e gás, em torno de US$ 10,50 por barril.

A Exxon diz que, com a fusão, até 2027 os campos de ‘ciclo curto’ serão responsáveis por mais de 40% de sua produção.

O salto nos preços do petróleo e do gás inundou o caixa da Exxon. Em 2022, a companhia lucrou US$ 55,7 bilhões, um resultado só menor que os das Big Tech: Apple, Microsoft e Alphabet.

A Exxon tem um market cap de US$ 420 bilhões – o maior do mercado americano, fora as gigantes da tecnologia.

Em julho, a petroleira pagou US$ 4,9 bilhões pela Denbury, que opera gasodutos para o transporte de gás carbônico.

Permian Basin